terça-feira, 8 de janeiro de 2008

IPS registra a perspectiva de avanços significativos na utilização de fontes limpas de energia na Espanha
















Reportagem da IPS registra a perspectiva de avanços significativos na utilização de fontes limpas de energia na Espanha, com investimentos bilionários de corporações como a Iberdrola, a Abengoa e a Endesa em parques eólicos e solares. Pode ser um bom sinal para o Brasil, onde as três empresas têm participação significativa no setor elétrico.

Palmas para as novas campeãs da energia limpa e renovável? Não necessariamente. A matéria traz uma informação inquietante para os que jogam todas as fichas no mercado e na inovação tecnológica para a superação da enrascada socioambiental em que nos metemos. As empresas são acusadas de repassar para o consumidor a conta dos direitos de emissão de CO2 em suas velhas usinas a carvão, que adquiriram para o período 2005/2007. Foram obrigadas pelo governo do PSOE a devolver o dinheiro, mas se recusam a fazê-lo.

O business as usual costuma ser associado de maneira ingênua às corporações que seguem à frente do que Hazel Henderson chama de industrialização primitiva. É a mesma modalidade de auto-engano que atribui à energia limpa e renovável o dom de abrir as portas do paraíso. Para os que assim pensam, recomendo também a leitura do nosso segundo destaque de hoje no Mercado Ético, que trata dos efeitos dos biocombustíveis sobre a saúde humana.

Quem, como eu, vive em São Paulo nem precisa de pesquisa para compreender o impacto de oxidantes fotoquímicos como o ozônio em nossos olhos, narinas, brônquios e pulmões. Basta respirá-los num daqueles dias secos e ensolarados de inverno.

Minha querida Laura Teti, ferrenha defensora do etanol de cana-de-açúcar, costuma apresentá-los como paradigma do sucesso do Proconve, o programa rigoroso de controle de emissões de veículos que ajudou a articular nos anos 80. Segundo ela, trocamos a velha poluição do chumbo que impregnava a gasolina antes da adição do álcool e dos particulados emitidos pelo diesel por este ar “de primeiro mundo” que passamos a respirar sob as bençãos do Pró-Álcool.

Claro, foi uma boutade. Mas vale a pergunta: até que ponto, por conta do que vislumbramos hoje como caminho para a sustentabilidade, temos o direito de ignorar velhas práticas como a socialização dos prejuízos corporativos e velhos problemas como a contaminação do ar, em nome das boas relações como nossos “companheiros de viagem”?

José Maurício de Oliveira
editor-chefe do Mercado Ético

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