segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
O EREEAmb – Encontro Regional dos Estudantes de Engenharia Ambiental,
Release
O EREEAmb – Encontro Regional dos Estudantes de Engenharia Ambiental, surgiu da eminente necessidade da difusão de idéias entre os estudantes da região Norte/Nordeste, assim surgindo de uma iniciativa do Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental – CAEAmb – UFAL, também incentivada pela ENEEA – Executiva Nacional dos estudantes de Engenharia Ambiental, logo este encontro inédito será sediado na cidade de Maceió – AL, conhecido como paraíso das águas no período de 11 à 17 de Janeiro de 2009, tendo como tema “O Avanço Tecnológico aplicado ao desenvolvimento sustentável”, contendo a mesma estrutura programática do ENEEAmb e com muitas novidades!
Tema
O Avanço tecnológico aplicado ao desenvolvimento sustentável
Porque do Tema?
No então século XXI, a grande preocupação do mundo é como deve se encaminhar as políticas de sustentabilidade e medidas para diminuir os impactos ao meio ambiente, logo são feitas muitas pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias para preservação do meio, seja o tipo de papel utilizado em sua casa, o carro que você vai ao trabalho até os impactos gerado pelos diversos tipos de indústria.
Por isso se faz a necessidade, dos futuros engenheiros ambientais, terem um contato com essas tecnologias e meios para obtenção das mesmas, como profissionais mais capacitados para atuarem nesta área.
SITE: http://www.ereeamb.com.br
Como Fazer Minha Inscrição
http://www.ereeamb.com.br/?pag=inscricoes
quarta-feira, 26 de março de 2008
Competitividade responsável interessa a todos nós
Por Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental
Como o nome sugere, trata-se de um tipo de competitividade que privilegia o desenvolvimento sustentável, partindo da premissa de que, cada vez mais, os mercados globais recompensarão os modelos de negócio com melhores resultados sociais, ambientais e econômicos. Segundo a AccountAbility, organização inglesa que cunhou a expressão, nações que estimulem práticas comerciais baseadas nesse novo conceito, por meio de políticas públicas, normas sociais e ações de cidadania, certamente obterão sucesso econômico mais consistente.
Competitividade lembra mercado. E mercado remete á noção de lucro. Logo, competitividade responsável é idéia que deriva de uma nova compreensão, por parte dos mercados de que o padrão atual do lucro impaciente, aquele que remunera o investidor no curto prazo, com alta geração de passivo para pessoas (desigualdades, migrações desenfreadas, desrespeito a direitos humanos e corrupção) e meio ambiente (esgotamento de recursos naturais já escassos) chegou a um tal nível de irresponsabilidade que ameaça inviabilizar o que dá sustentação às sociedades. Sem sociedades sustentáveis, os mercados se tornam ilegítimos e enfraquecem.
Para os idealizadores da competitividade responsável, os atuais dilemas sociais como a pobreza, e ambientais, como as mudanças climáticas, representam, mais do que um risco, uma fonte de oportunidades para criação de valor econômico. Sintetizam um novo campo de possibilidades para os negócios que nascerá da capacidade empresarial de inovar em produtos e processos aliada à firmeza de governos na tarefa de criar regulamentações adequadas e encorajar novas formas de colaboração intersetorial.
As projeções são alentadoras. Estima-se que, em 2050, os mercados para tecnologias de baixa emissão de carbono movimentarão U$ 500 bilhões. Garantir, por exemplo, que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de trabalho vai gerar U$ 40 bilhões para os países da Ásia e do Pacífico. E adotar práticas de governança e transparência poderá recuperar o prejuízo dos 10% do PIB engolidos todos os anos pela corrupção.
Para definir o nível de competitividade responsável de um país, a AccountAbility criou um índice, a partir de 21 indicadores, divididos em três categorias. Na que se denomina Impulsionadores de Políticas, destacam-se sete medidas relacionadas a políticas públicas que incentivam práticas empresariais responsáveis (tratados ambientais e de direitos trabalhistas, ambiente fiscal, políticas de emprego, empregos para mulheres, regulamentação ambiental e emissão de carbono). A categoria Ação Empresarial compreende sete medidas que se referem a sistemas de gestão focados em governança, preocupações sociais e ambientais (conselhos corporativos, códigos de ética nas empresas, isonomia salarial, padrões de auditoria e contabilidade, treinamento de pessoas, certificações ISO e acidentes de trabalho). Já a de Habilitadores Sociais aborda sete medidas relativas ao ambiente social e político no qual as empresas, governos e organizações da sociedade civil estabelecem cooperação efetiva para a mudança dos mercados (corrupção, engajamento de consumidores, liberdade de imprensa, número de ONGs, liberdades civis e impacto da qualidade do ar e da água para os negócios).
Em pesquisa realizada pela consultoria inglesa, em 2007, com 108 países, o Brasil aparece em na posição de número 56, com (ICR) Índice de Competitividade Responsável de 55. Está literalmente no meio da tabela. Se a amostragem fosse uma classe que tem como melhores alunos a Suécia (ICR de 81.5%), Dinamarca (81), Finlândia (78.7), Islândia (76,7) e Reino Unido (75,8), o Brasil seria um aluno apenas mediano e esforçado. Segundo o estudo que divide os países em quatro clusters (Inovadores, Assertivos, Cumpridores e Iniciantes), figuramos entre os Cumpridores, junto com Índia, México e outras 29 nações que têm avançado na direção de padrões trabalhistas, ambientais e de qualidade internacionais, mas que ainda enfrentam desafios importantes na construção de políticas públicas estimuladoras, na implantação de modelos de gestão socioambientalmente responsáveis e no maior engajamento da sociedade civil.
Aqui, como na maioria dos outros países cumpridores, os governos ainda não se deram conta da importância estratégica da competitividade responsável, muitas corporações seguem apegadas a modelos de negócios perdulários e a sociedade civil não se apercebeu de que esse conceito pode gerar oportunidades de valor não só para empresas mas também pra consumidores e comunidades. Há, portanto, muito trabalho por se fazer.
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* Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável.
(Envolverde/Idéia Socioambiental)
Como o nome sugere, trata-se de um tipo de competitividade que privilegia o desenvolvimento sustentável, partindo da premissa de que, cada vez mais, os mercados globais recompensarão os modelos de negócio com melhores resultados sociais, ambientais e econômicos. Segundo a AccountAbility, organização inglesa que cunhou a expressão, nações que estimulem práticas comerciais baseadas nesse novo conceito, por meio de políticas públicas, normas sociais e ações de cidadania, certamente obterão sucesso econômico mais consistente.
Competitividade lembra mercado. E mercado remete á noção de lucro. Logo, competitividade responsável é idéia que deriva de uma nova compreensão, por parte dos mercados de que o padrão atual do lucro impaciente, aquele que remunera o investidor no curto prazo, com alta geração de passivo para pessoas (desigualdades, migrações desenfreadas, desrespeito a direitos humanos e corrupção) e meio ambiente (esgotamento de recursos naturais já escassos) chegou a um tal nível de irresponsabilidade que ameaça inviabilizar o que dá sustentação às sociedades. Sem sociedades sustentáveis, os mercados se tornam ilegítimos e enfraquecem.
Para os idealizadores da competitividade responsável, os atuais dilemas sociais como a pobreza, e ambientais, como as mudanças climáticas, representam, mais do que um risco, uma fonte de oportunidades para criação de valor econômico. Sintetizam um novo campo de possibilidades para os negócios que nascerá da capacidade empresarial de inovar em produtos e processos aliada à firmeza de governos na tarefa de criar regulamentações adequadas e encorajar novas formas de colaboração intersetorial.
As projeções são alentadoras. Estima-se que, em 2050, os mercados para tecnologias de baixa emissão de carbono movimentarão U$ 500 bilhões. Garantir, por exemplo, que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de trabalho vai gerar U$ 40 bilhões para os países da Ásia e do Pacífico. E adotar práticas de governança e transparência poderá recuperar o prejuízo dos 10% do PIB engolidos todos os anos pela corrupção.
Para definir o nível de competitividade responsável de um país, a AccountAbility criou um índice, a partir de 21 indicadores, divididos em três categorias. Na que se denomina Impulsionadores de Políticas, destacam-se sete medidas relacionadas a políticas públicas que incentivam práticas empresariais responsáveis (tratados ambientais e de direitos trabalhistas, ambiente fiscal, políticas de emprego, empregos para mulheres, regulamentação ambiental e emissão de carbono). A categoria Ação Empresarial compreende sete medidas que se referem a sistemas de gestão focados em governança, preocupações sociais e ambientais (conselhos corporativos, códigos de ética nas empresas, isonomia salarial, padrões de auditoria e contabilidade, treinamento de pessoas, certificações ISO e acidentes de trabalho). Já a de Habilitadores Sociais aborda sete medidas relativas ao ambiente social e político no qual as empresas, governos e organizações da sociedade civil estabelecem cooperação efetiva para a mudança dos mercados (corrupção, engajamento de consumidores, liberdade de imprensa, número de ONGs, liberdades civis e impacto da qualidade do ar e da água para os negócios).
Em pesquisa realizada pela consultoria inglesa, em 2007, com 108 países, o Brasil aparece em na posição de número 56, com (ICR) Índice de Competitividade Responsável de 55. Está literalmente no meio da tabela. Se a amostragem fosse uma classe que tem como melhores alunos a Suécia (ICR de 81.5%), Dinamarca (81), Finlândia (78.7), Islândia (76,7) e Reino Unido (75,8), o Brasil seria um aluno apenas mediano e esforçado. Segundo o estudo que divide os países em quatro clusters (Inovadores, Assertivos, Cumpridores e Iniciantes), figuramos entre os Cumpridores, junto com Índia, México e outras 29 nações que têm avançado na direção de padrões trabalhistas, ambientais e de qualidade internacionais, mas que ainda enfrentam desafios importantes na construção de políticas públicas estimuladoras, na implantação de modelos de gestão socioambientalmente responsáveis e no maior engajamento da sociedade civil.
Aqui, como na maioria dos outros países cumpridores, os governos ainda não se deram conta da importância estratégica da competitividade responsável, muitas corporações seguem apegadas a modelos de negócios perdulários e a sociedade civil não se apercebeu de que esse conceito pode gerar oportunidades de valor não só para empresas mas também pra consumidores e comunidades. Há, portanto, muito trabalho por se fazer.
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* Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável.
(Envolverde/Idéia Socioambiental)
terça-feira, 25 de março de 2008
Atlas mapeia as alterações climáticas no planeta e mostra como enfrentá-las
As primeiras conseqüências das alterações climáticas já podem ser notadas. No Alasca, por exemplo, os moradores já vêem algumas de suas casas derretendo devido a um aquecimento de 4º C. No mundo já se discute como frear estas mudanças para que elas não cheguem a níveis ameaçadores para a vida no planeta.
"O Atlas da Mudança Climática", da Publifolha, apresenta os pontos cruciais que ajudam a entender as causas dessa nova realidade e os possíveis impactos na vida de todos. A publicação é uma fonte valiosa de informação para interessados em questões ambientais, professores, estudantes e responsáveis por políticas públicas e privadas.
O livro trata das conseqüências das mudanças climáticas no futuro próximo, da necessidade de redução da emissão de gás carbônico, além das ações necessárias para evitar catástrofes, entre outras questões.
Ricamente ilustrado com mais de 50 mapas e gráficos, o Atlas traz dados completos de 192 países e apresenta um capítulo especial sobre o Brasil com informações completas sobre as alterações em cada região e discute a participação do país na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e no Protocolo de Kyoto.
O volume também discute as ações públicas e individuais que podem ser tomadas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e as alterações climáticas.
Os autores
Kirstin Dow é professora associada do Departamento de Geografia da University of South Carolina e pesquisadora sênior convidada do Stockholm Environment Institute. Seus temas de pesquisa são sempre relacionados ao clima, à vulnerabilidade, às mudanças ambientais e à sociedade. Ela é conselheira nacional da Association of American Geographers, colaboradora da Millennium Ecosystem Assessment e investigadora-chefe da rede RISA (Regional Integrated Science and Assessment) da NOAA, que pesquisa sobre o clima.
Thomas E. Downing é diretor do Stockholm Environment Institute, Oxford Office, e colaborador visitante da Queen Elizabeth House, University of Oxford. Na ReFoundation de Munique é catedrático em vulnerabilidade social no Instituto para o Meio Ambiente e Segurança Humana das Nações Unidas. Seus temas de pesquisa estão ligados ao clima e à sociedade. Ele integra o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, já dirigiu a Força-Tarefa sobre Vulnerabilidade da International Geographical Union e ainda é conselheiro do Programa de Impactos Ambientais do Comitê para o Desenvolvimento Internacional da Câmara dos Comuns no Reino Unido.
"O Atlas da Mudança Climática"
Autores: Kirstin Dow e Thomas E. Downing
Editora: Publifolha
Páginas: 112
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: Nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou no site da Publifolha
(Mercado Ético)
MMA firma acordo com supermercadistas para reduzir emissões
Por Lucia Leão, do MMA
O Ministério do Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) assinam, no dia 26 de março (quarta-feira), Acordo de Cooperação Técnica com vistas a reduzir a emissão de SDOs (Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio) dos aparelhos de refrigeração utilizados pelos supermercados brasileiros. Estima-se que esses equipamentos sejam responsáveis pelo lançamento de quatro mil toneladas/ano de gases CFCs (clorofluorcarbono) e HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), equivalente a cerca de 40% de toda a emissão desses gases no País. Em termos de efeito estufa, essa quantidade equivale a 7 milhões de toneladas de CO2.
O acordo prevê a difusão de informações para a conscientização dos 74 mil supermercadistas do País para os benefícios ambientais e econômicos da substituição, ou, se não for possível, da boa manutenção dos freezers, refrigeradores, balcões frigoríficos, ar-condicionados e outros aparelhos de tecnologia obsoleta, que ainda utilizam SDOs. "É um jogo de ganha-ganha. As boas práticas de manuseio e a boa manutenção desses equipamentos, além do benefício ambiental da redução do uso de CFCs e HCFCs, reduzem o consumo de energia, um benefício econômico para os empresários", constata o diretor do Departamento de Mudanças Climáticas, Ruy de Goes.
O diretor do MMA também destaca que o acordo prepara o setor supermercadista para o cumprimento do Protocolo de Montreal, através do qual 191 países se comprometeram a abandonar, gradativamente, a utilização de SDOs. Em obediência ao Protocolo, desde o ano passado o Brasil já não importa nem produz CFC e, a partir de 2012, restringirá também o uso do HCFC.
O acordo entre MMA, Abras e Abrava não prevê aporte de recursos, mas ação compartilhada para o levantamento e diagnóstico, planejamento estratégico, assessorias técnicas e programas educativos. A iniciativa visa aumentar a eficiência energética dos equipamentos de refrigeração das lojas, por meio da conscientização e incentivo das Boas Práticas de Uso e Manutenção e, paralelamente, obter a redução gradual da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera.
(MMA)
O Ministério do Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) assinam, no dia 26 de março (quarta-feira), Acordo de Cooperação Técnica com vistas a reduzir a emissão de SDOs (Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio) dos aparelhos de refrigeração utilizados pelos supermercados brasileiros. Estima-se que esses equipamentos sejam responsáveis pelo lançamento de quatro mil toneladas/ano de gases CFCs (clorofluorcarbono) e HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), equivalente a cerca de 40% de toda a emissão desses gases no País. Em termos de efeito estufa, essa quantidade equivale a 7 milhões de toneladas de CO2.
O acordo prevê a difusão de informações para a conscientização dos 74 mil supermercadistas do País para os benefícios ambientais e econômicos da substituição, ou, se não for possível, da boa manutenção dos freezers, refrigeradores, balcões frigoríficos, ar-condicionados e outros aparelhos de tecnologia obsoleta, que ainda utilizam SDOs. "É um jogo de ganha-ganha. As boas práticas de manuseio e a boa manutenção desses equipamentos, além do benefício ambiental da redução do uso de CFCs e HCFCs, reduzem o consumo de energia, um benefício econômico para os empresários", constata o diretor do Departamento de Mudanças Climáticas, Ruy de Goes.
O diretor do MMA também destaca que o acordo prepara o setor supermercadista para o cumprimento do Protocolo de Montreal, através do qual 191 países se comprometeram a abandonar, gradativamente, a utilização de SDOs. Em obediência ao Protocolo, desde o ano passado o Brasil já não importa nem produz CFC e, a partir de 2012, restringirá também o uso do HCFC.
O acordo entre MMA, Abras e Abrava não prevê aporte de recursos, mas ação compartilhada para o levantamento e diagnóstico, planejamento estratégico, assessorias técnicas e programas educativos. A iniciativa visa aumentar a eficiência energética dos equipamentos de refrigeração das lojas, por meio da conscientização e incentivo das Boas Práticas de Uso e Manutenção e, paralelamente, obter a redução gradual da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera.
(MMA)
Esquenta a crise da água
Por Thalif Deen*
A crise hídrica mundial, agravada pela mudança climática, não se restringe aos países pobres. Mais de cem milhões de europeus sofrem falta de água potável, afirmam especialistas. Quando o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falou em janeiro no Fórum Econômico Mundial de Davos, seu tema não foi a iminente recessão da economia global, mas a crescente escassez de água. “A falta de recursos hídricos pode agravar e iniciar conflitos”, disse Ban aos magnatas dos negócios, acadêmicos e autoridades, que se reúnem uma vez por ano nesse centro turístico suíço. “Na medida em que a economia cresce, se torna mais sedenta”, alertou.
A carência de água potável para mais de um bilhão de pessoas e de saneamento para mais de 2,5 bilhões constitui “uma devastadora crise humanitária”, afirmou Anders Berntell, diretor-executivo do Instituto Internacional da Água, com sede em Estocolmo. “É uma crise de manejo, não da água propriamente dita, porque se deve à ausência crônica de fundos e à incompreensão de que é preciso saneamento e higiene em nível local”, disse Berntell ao Terramérica. “Isto pode ser resolvido com a melhoria do gerenciamento, aumento dos recursos e sustentação dos esforços para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, como erradicar a pobreza extrema e a fome, e adequar a provisão de água e esgoto, afirmou.
Um estudo divulgado pela ONU às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, afirma que a escassez não está confinada às nações pobres, e que também ameaça mais de cem milhões de europeus. Quase 40 meninos e meninas, a maioria da Europa oriental, morrem por dia vitimas de uma doença ligada à água: a diarréia. No leste europeu, quase 16% da população não tem água potável em casa, e nas zonas rurais mais da metade dos habitantes vive sem ela e sem saneamento.
Vamos de mau a pior, “pelo desperdício e fracasso dos governos em comprometer as comunidades locais na administração hídrica”, afirmou Sunita Narain, diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente, com sede em Nova Délhi, e ganhadora, em 2005, do Prêmio Estocolmo da Água. “Não conseguimos, como sociedade, usar pequenas quantidades de água para conseguir grandes resultados de produtividade”, afirmou. E o mundo ainda enfrenta um novo desafio, o da mudança climática, disse Narain ao Terramérica. “E é sobre isto que não estamos fazendo nada, apesar de que se colocará em risco a segurança hídrica de grandes populações que já estão à beira da sobrevivência”, ressaltou.
Berntell alertou que isto acontece “em um mundo que tem os meios financeiros e técnicos para pôr fim a esses dois escândalos. Temos de encontrar a forma de administrar os recursos hídricos, no que se refere à contaminação, e atender a demanda por alimentos de uma população que aumentará em mais de três bilhões de pessoas até 2050”, afirmou. “Também devemos dar resposta ao problema da água e do clima. Tudo pode ser muito mais desesperador e grave se não dermos os passos corretos”, acrescentou.
O especialista considera importante distinguir entre dois fenômenos: a crise dos recursos hídricos – causada pela superexploração agrícola e industrial e pela contaminação – e os problemas de fornecimento de água e saneamento. Em uma declaração publicada no dia 19, a conservacionista União Mundial para a Natureza (UICN) advertiu que muitos rios de países em desenvolvimento e de potências emergentes sofrem uma contaminação próxima do colapso. “O Rio Yangtzé, o mais longo da China, está envenenado por resíduos agrícolas e industriais”, disse a UICN.
O secretário da ONU argumentou que a matança na região de Darfur, no Sudão, está ligada à mudança climática. “Não é casualidade que a violência tenha explodido durante a seca”, afirmou Ban. Quando a terra de Darfur era rica, os agricultores negros davam as boas-vindas aos pastores árabes e compartilhavam a água. Com a seca, os agricultores cercaram suas terras para impedir o excesso de pastoreio. “Pela primeira vez, desde tempos imemoriais, não havia alimento e água suficientes para todos. A luta eclodiu”, descreveu Ban Ki-moon. “A água é um clássico recurso de propriedade comum. Ninguém tem o problema, portanto, ninguém tem a solução”, ressaltou.
Nos últimos anos, a comunidade internacional “tentou entender a natureza da crise e atrair a atenção sobre ela, embora de forma débil e difusa”, disse Narain ao Terramérica. “Ainda não se entende como a falta de água afeta as comunidades e, portanto, as Nações Unidas se dedicam a buscar rápidas soluções técnicas para o que é, em primeiro lugar, uma questão de gerenciamento”, acrescentou. Berntell vê de outra forma: “Sem dúvida a água, e, sobretudo o saneamento, estão muito abaixo na agenda internacional”.
No entanto, o fato de a ONU declarar 2008 como Ano Internacional do Saneamento catalisou a ação e a atenção em questões sanitárias e de higiene, que são críticas, acrescentou. Contudo, as Nações Unidas “devem melhorar sua coordenação em matéria de controle e informação. Não se pode continuar publicando tantos informes simultâneos sobre temas superpostos”, criticou Berntell.
LINKS EXTERNOS
+ Instituto Internacional da Agua, em inglês
http://www.siwi.org/
+ Centro para a Ciência e o Ambiente, em inglês
http://www.cseindia.org/
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* O autor e correspondente da IPS. Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
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(Envolverde/Terramérica)
A crise hídrica mundial, agravada pela mudança climática, não se restringe aos países pobres. Mais de cem milhões de europeus sofrem falta de água potável, afirmam especialistas. Quando o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falou em janeiro no Fórum Econômico Mundial de Davos, seu tema não foi a iminente recessão da economia global, mas a crescente escassez de água. “A falta de recursos hídricos pode agravar e iniciar conflitos”, disse Ban aos magnatas dos negócios, acadêmicos e autoridades, que se reúnem uma vez por ano nesse centro turístico suíço. “Na medida em que a economia cresce, se torna mais sedenta”, alertou.
A carência de água potável para mais de um bilhão de pessoas e de saneamento para mais de 2,5 bilhões constitui “uma devastadora crise humanitária”, afirmou Anders Berntell, diretor-executivo do Instituto Internacional da Água, com sede em Estocolmo. “É uma crise de manejo, não da água propriamente dita, porque se deve à ausência crônica de fundos e à incompreensão de que é preciso saneamento e higiene em nível local”, disse Berntell ao Terramérica. “Isto pode ser resolvido com a melhoria do gerenciamento, aumento dos recursos e sustentação dos esforços para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, como erradicar a pobreza extrema e a fome, e adequar a provisão de água e esgoto, afirmou.
Um estudo divulgado pela ONU às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, afirma que a escassez não está confinada às nações pobres, e que também ameaça mais de cem milhões de europeus. Quase 40 meninos e meninas, a maioria da Europa oriental, morrem por dia vitimas de uma doença ligada à água: a diarréia. No leste europeu, quase 16% da população não tem água potável em casa, e nas zonas rurais mais da metade dos habitantes vive sem ela e sem saneamento.
Vamos de mau a pior, “pelo desperdício e fracasso dos governos em comprometer as comunidades locais na administração hídrica”, afirmou Sunita Narain, diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente, com sede em Nova Délhi, e ganhadora, em 2005, do Prêmio Estocolmo da Água. “Não conseguimos, como sociedade, usar pequenas quantidades de água para conseguir grandes resultados de produtividade”, afirmou. E o mundo ainda enfrenta um novo desafio, o da mudança climática, disse Narain ao Terramérica. “E é sobre isto que não estamos fazendo nada, apesar de que se colocará em risco a segurança hídrica de grandes populações que já estão à beira da sobrevivência”, ressaltou.
Berntell alertou que isto acontece “em um mundo que tem os meios financeiros e técnicos para pôr fim a esses dois escândalos. Temos de encontrar a forma de administrar os recursos hídricos, no que se refere à contaminação, e atender a demanda por alimentos de uma população que aumentará em mais de três bilhões de pessoas até 2050”, afirmou. “Também devemos dar resposta ao problema da água e do clima. Tudo pode ser muito mais desesperador e grave se não dermos os passos corretos”, acrescentou.
O especialista considera importante distinguir entre dois fenômenos: a crise dos recursos hídricos – causada pela superexploração agrícola e industrial e pela contaminação – e os problemas de fornecimento de água e saneamento. Em uma declaração publicada no dia 19, a conservacionista União Mundial para a Natureza (UICN) advertiu que muitos rios de países em desenvolvimento e de potências emergentes sofrem uma contaminação próxima do colapso. “O Rio Yangtzé, o mais longo da China, está envenenado por resíduos agrícolas e industriais”, disse a UICN.
O secretário da ONU argumentou que a matança na região de Darfur, no Sudão, está ligada à mudança climática. “Não é casualidade que a violência tenha explodido durante a seca”, afirmou Ban. Quando a terra de Darfur era rica, os agricultores negros davam as boas-vindas aos pastores árabes e compartilhavam a água. Com a seca, os agricultores cercaram suas terras para impedir o excesso de pastoreio. “Pela primeira vez, desde tempos imemoriais, não havia alimento e água suficientes para todos. A luta eclodiu”, descreveu Ban Ki-moon. “A água é um clássico recurso de propriedade comum. Ninguém tem o problema, portanto, ninguém tem a solução”, ressaltou.
Nos últimos anos, a comunidade internacional “tentou entender a natureza da crise e atrair a atenção sobre ela, embora de forma débil e difusa”, disse Narain ao Terramérica. “Ainda não se entende como a falta de água afeta as comunidades e, portanto, as Nações Unidas se dedicam a buscar rápidas soluções técnicas para o que é, em primeiro lugar, uma questão de gerenciamento”, acrescentou. Berntell vê de outra forma: “Sem dúvida a água, e, sobretudo o saneamento, estão muito abaixo na agenda internacional”.
No entanto, o fato de a ONU declarar 2008 como Ano Internacional do Saneamento catalisou a ação e a atenção em questões sanitárias e de higiene, que são críticas, acrescentou. Contudo, as Nações Unidas “devem melhorar sua coordenação em matéria de controle e informação. Não se pode continuar publicando tantos informes simultâneos sobre temas superpostos”, criticou Berntell.
LINKS EXTERNOS
+ Instituto Internacional da Agua, em inglês
http://www.siwi.org/
+ Centro para a Ciência e o Ambiente, em inglês
http://www.cseindia.org/
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* O autor e correspondente da IPS. Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
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(Envolverde/Terramérica)
Estudo aponta contaminação em 70% das águas superficiais do Brasil
Por Luana Lourenço, da Agência Brasil
A poluição tornou 70% das águas de rios, lagos e lagoas do Brasil impróprias para o consumo. É o que aponta relatório editado pela organização não-governamental Defensoria da Água, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A pesquisa, que traz dados do período 2004-2008, envolveu 423 pesquisadores, 830 monitores de campo e cerca de 1.500 voluntários, que identificaram 20.760 áreas de contaminação em todo o país.
Em relação à primeira edição do documento, divulgado em 2004, a contaminação das águas superficiais cresceu 280%, dado que torna do Dia Mundia da Água, celebrado dia 22/3, um momento de reflexão sobre a necessidade de medidas urgentes.
“Nesse ritmo, se nada for feito, nos próximos quatro anos 90% das águas estarão impróprias para o contato humano, sendo que atualmente mais de 70% já é imprópria para o consumo”, diz o texto dos pesquisadores.
As principais causas da contaminação são atribuídas principalmente ao agronegócio e à atividade industrial. “Há uma falta generalizada de controle e de fiscalização da geração, da destinação e do tratamento de resíduos, sejam eles urbanos, de saúde ou residenciais”, avalia o secretário-geral da Defensoria da Água, Leonardo Morelli.
De acordo com o relatório da ONG, a mineração, a produção de suco de laranja e de derivados da cana-de-açúcar são “destaques negativos” pelos problemas ambientais provocados pelo descarte inadequado de resíduos industriais e pelas conseqüências sociais ligadas aos empreendimentos, como exploração de mão-de-obra e avanço sobre áreas indígenas.
O documento critica ainda a “euforia” com a produção de biodiesel, o que, segundo a ONG, demonstra “uma tendência para a economia agrícola, com empresas petrolíferas altamente contaminadoras apropriando-se indevidamente do discurso do uso de elementos naturais que na verdade mascaram as tentativas de sobrevida dos combustíveis fósseis”.
O lançamento de esgotos diretamente nos rios e a exposição de resíduos em lixões também são apontadas como causas do crescimento contínuo da poluição das águas, principalmente em áreas urbanas.
“A existência de lixões continua sendo uma realidade irrefutável em mais de 4,7 mil municípios sendo que a deposição de resíduos sem controle ou proteção continua ocorrendo nas margens de cursos de água e proximidades de nascentes”, relata o texto.
Um agravante, segundo a ONG, é que menos de 3% dos lixões enquadram-se na categoria de “aterros controlados”, por exemplo. Além disso, o país conta com cerca de 20 aterros devidamente licenciado e com capacidade para receber lixo hospitalar infectante.
De acordo com o relatório, as 20.760 áreas de contaminação mapeadas pelos pesquisadores afetam diretamente cinco milhões de pessoas, além de outras 15 milhões de vítimas de impactos indiretos.
Apenas 25% do esgoto coletado no país é tratado
Os números do saneamento básico mostram que o Brasil ainda tem muito a avançar na data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) comemora o Dia Mundial da Água. O índice médio de coleta de esgotos no país é de 69,7%, sendo que o tratamento atinge apenas 25%. Os números são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
A ONU elegeu 2008 como o Ano do Saneamento e deve recomendar aos países a formulação de políticas públicas para universalizar o acesso a esse serviço. “No mundo todo, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento e estão expostas diariamente a doenças, como diarréia e cólera”, aponta o representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), José Turbino.
Os números de coleta e tratamento de esgotos no Brasil refletem diferenças regionais históricas do país: no Sudeste, o índice de coleta é de 91,4%, já na região Norte, não chega a 9% das habitações. “Temos uma distribuição desigual do desenvolvimento e, evidentemente, a conseqüência disso é que as políticas públicas muitas vezes também acompanham esse desnível. [A diferença] é decorrência da falta de políticas de saneamento no âmbito nacional em sucessivos governos”, avalia secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Luciano Zica.
Entre as capitais, as diferenças chegam a mais de 90%. Enquanto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre a coleta de esgoto atinge quase toda a população (com índices superiores a 85%), em Porto Velho, apenas 2,2% têm saneamento básico. Os dados fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento no país.
“Um dos principais desafios do Brasil é a coleta e tratamento de esgoto, em especial nas áreas mais urbanizadas. Tivemos um período muito grande de descaso, há um déficit a ser cumprido. Temos que parar de transformar o Brasil, que é o país dos rios, no país dos esgotos”, alerta uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately.
Além de investimentos em programas de saneamento, Whately também aponta a necessidade de políticas específicas para tratamento de resíduos sólidos, avaliação compartilhada pelo representante do MMA. “A questão do ambiente urbano e dos resíduos sólidos foram agregadas ao debate dos recursos hídricos, que até bem pouco tempo eram políticas bem desfocadas. Teremos condições de trabalhar de forma harmônica segmentos que têm impactos diretos na qualidade da água; não há como dissociar a questão do lixo da boa gestão da água”, avalia Zica.
O Ministério das Cidades prevê a aplicação de R$ 40 bilhões até 2010, no chamado PAC do Saneamento, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento. A previsão de investimentos precisa ser cumprida para que o país alcance a meta estabelecida pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
(Agência Brasil)
A poluição tornou 70% das águas de rios, lagos e lagoas do Brasil impróprias para o consumo. É o que aponta relatório editado pela organização não-governamental Defensoria da Água, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A pesquisa, que traz dados do período 2004-2008, envolveu 423 pesquisadores, 830 monitores de campo e cerca de 1.500 voluntários, que identificaram 20.760 áreas de contaminação em todo o país.
Em relação à primeira edição do documento, divulgado em 2004, a contaminação das águas superficiais cresceu 280%, dado que torna do Dia Mundia da Água, celebrado dia 22/3, um momento de reflexão sobre a necessidade de medidas urgentes.
“Nesse ritmo, se nada for feito, nos próximos quatro anos 90% das águas estarão impróprias para o contato humano, sendo que atualmente mais de 70% já é imprópria para o consumo”, diz o texto dos pesquisadores.
As principais causas da contaminação são atribuídas principalmente ao agronegócio e à atividade industrial. “Há uma falta generalizada de controle e de fiscalização da geração, da destinação e do tratamento de resíduos, sejam eles urbanos, de saúde ou residenciais”, avalia o secretário-geral da Defensoria da Água, Leonardo Morelli.
De acordo com o relatório da ONG, a mineração, a produção de suco de laranja e de derivados da cana-de-açúcar são “destaques negativos” pelos problemas ambientais provocados pelo descarte inadequado de resíduos industriais e pelas conseqüências sociais ligadas aos empreendimentos, como exploração de mão-de-obra e avanço sobre áreas indígenas.
O documento critica ainda a “euforia” com a produção de biodiesel, o que, segundo a ONG, demonstra “uma tendência para a economia agrícola, com empresas petrolíferas altamente contaminadoras apropriando-se indevidamente do discurso do uso de elementos naturais que na verdade mascaram as tentativas de sobrevida dos combustíveis fósseis”.
O lançamento de esgotos diretamente nos rios e a exposição de resíduos em lixões também são apontadas como causas do crescimento contínuo da poluição das águas, principalmente em áreas urbanas.
“A existência de lixões continua sendo uma realidade irrefutável em mais de 4,7 mil municípios sendo que a deposição de resíduos sem controle ou proteção continua ocorrendo nas margens de cursos de água e proximidades de nascentes”, relata o texto.
Um agravante, segundo a ONG, é que menos de 3% dos lixões enquadram-se na categoria de “aterros controlados”, por exemplo. Além disso, o país conta com cerca de 20 aterros devidamente licenciado e com capacidade para receber lixo hospitalar infectante.
De acordo com o relatório, as 20.760 áreas de contaminação mapeadas pelos pesquisadores afetam diretamente cinco milhões de pessoas, além de outras 15 milhões de vítimas de impactos indiretos.
Apenas 25% do esgoto coletado no país é tratado
Os números do saneamento básico mostram que o Brasil ainda tem muito a avançar na data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) comemora o Dia Mundial da Água. O índice médio de coleta de esgotos no país é de 69,7%, sendo que o tratamento atinge apenas 25%. Os números são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
A ONU elegeu 2008 como o Ano do Saneamento e deve recomendar aos países a formulação de políticas públicas para universalizar o acesso a esse serviço. “No mundo todo, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento e estão expostas diariamente a doenças, como diarréia e cólera”, aponta o representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), José Turbino.
Os números de coleta e tratamento de esgotos no Brasil refletem diferenças regionais históricas do país: no Sudeste, o índice de coleta é de 91,4%, já na região Norte, não chega a 9% das habitações. “Temos uma distribuição desigual do desenvolvimento e, evidentemente, a conseqüência disso é que as políticas públicas muitas vezes também acompanham esse desnível. [A diferença] é decorrência da falta de políticas de saneamento no âmbito nacional em sucessivos governos”, avalia secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Luciano Zica.
Entre as capitais, as diferenças chegam a mais de 90%. Enquanto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre a coleta de esgoto atinge quase toda a população (com índices superiores a 85%), em Porto Velho, apenas 2,2% têm saneamento básico. Os dados fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento no país.
“Um dos principais desafios do Brasil é a coleta e tratamento de esgoto, em especial nas áreas mais urbanizadas. Tivemos um período muito grande de descaso, há um déficit a ser cumprido. Temos que parar de transformar o Brasil, que é o país dos rios, no país dos esgotos”, alerta uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately.
Além de investimentos em programas de saneamento, Whately também aponta a necessidade de políticas específicas para tratamento de resíduos sólidos, avaliação compartilhada pelo representante do MMA. “A questão do ambiente urbano e dos resíduos sólidos foram agregadas ao debate dos recursos hídricos, que até bem pouco tempo eram políticas bem desfocadas. Teremos condições de trabalhar de forma harmônica segmentos que têm impactos diretos na qualidade da água; não há como dissociar a questão do lixo da boa gestão da água”, avalia Zica.
O Ministério das Cidades prevê a aplicação de R$ 40 bilhões até 2010, no chamado PAC do Saneamento, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento. A previsão de investimentos precisa ser cumprida para que o país alcance a meta estabelecida pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
(Agência Brasil)
Desperdício diário de água é suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas
Por Luana Lourenço, da Agência Brasil
Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a 2.500 piscinas olímpicas (em média 2,5 milhões de litros de água). E a culpa neste caso, não é do consumidor. A perda de cerca de seis bilhões de litros – o suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas – acontece entre a retirada dos mananciais e a chegada às torneiras.
Os números fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento básico e do volume de desperdício de águas no país. De acordo uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately, as perdas são causadas por vazamento nas redes de abastecimento, sub-medição nos hidrômetros e fraudes.
“A maioria das capitais – 15 das 27 – perdem mais da metade da água produzida”, de acordo com o relatório. Porto Velho, capital de Rondônia, é a campeã em desperdício, com 78,8% de perda. As cidades de Rio Branco, de Manaus e de Belém também têm índices superiores a 70%. O desperdício nessas capitais seria suficiente para abastecer quase cinco milhões de habitantes.
De acordo com a superintendente de Produção de Água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Tânia Baylão, a redução de desperdício passa por garantia de investimentos nas redes e atendimento rápido de notificações de vazamentos.
“Combater a perda tem que ser uma diretriz básica, temos inclusive uma linha de financiamento prioritária para isso”. O Distrito Federal é a unidade da federação com o menor registro de perda na distribuição, com 27,3%.
Além da perda na distribuição, o relatório também apresenta um mapa do consumo doméstico de água e mostra que a média nacional, de 150 litros per capita, está 40 litros acima do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, o consumo ultrapassa 220 litros por dia.
“Infelizmente, o brasileiro acha que como temos bastante água no Brasil, não é preciso economizar. Pelo contrário, temos regiões em que se você dividir o volume de água pela população, podemos considerá-las como áreas de déficit hídrico, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo”, explicou o chefe das assessorias da Agência Nacional de Águas (ANA), Antônio Félix Domingues.
A representante do ISA Marussia Whately aponta a conta de água conjunta em condomínios residenciais como uma das causas do alto consumo em regiões urbanas. “O usuário acaba não tendo o mesmo cuidado com o aumento do consumo de água assim como tem com a conta de luz”, compara. Ela defende que “pequenas transformações em hábitos diários podem gerar grandes mudança” e acredita que a conscientização é uma das ferramentas para diminuir o desperdício.
(Envolverde/Agência Brasil)
Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a 2.500 piscinas olímpicas (em média 2,5 milhões de litros de água). E a culpa neste caso, não é do consumidor. A perda de cerca de seis bilhões de litros – o suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas – acontece entre a retirada dos mananciais e a chegada às torneiras.
Os números fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento básico e do volume de desperdício de águas no país. De acordo uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately, as perdas são causadas por vazamento nas redes de abastecimento, sub-medição nos hidrômetros e fraudes.
“A maioria das capitais – 15 das 27 – perdem mais da metade da água produzida”, de acordo com o relatório. Porto Velho, capital de Rondônia, é a campeã em desperdício, com 78,8% de perda. As cidades de Rio Branco, de Manaus e de Belém também têm índices superiores a 70%. O desperdício nessas capitais seria suficiente para abastecer quase cinco milhões de habitantes.
De acordo com a superintendente de Produção de Água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Tânia Baylão, a redução de desperdício passa por garantia de investimentos nas redes e atendimento rápido de notificações de vazamentos.
“Combater a perda tem que ser uma diretriz básica, temos inclusive uma linha de financiamento prioritária para isso”. O Distrito Federal é a unidade da federação com o menor registro de perda na distribuição, com 27,3%.
Além da perda na distribuição, o relatório também apresenta um mapa do consumo doméstico de água e mostra que a média nacional, de 150 litros per capita, está 40 litros acima do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, o consumo ultrapassa 220 litros por dia.
“Infelizmente, o brasileiro acha que como temos bastante água no Brasil, não é preciso economizar. Pelo contrário, temos regiões em que se você dividir o volume de água pela população, podemos considerá-las como áreas de déficit hídrico, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo”, explicou o chefe das assessorias da Agência Nacional de Águas (ANA), Antônio Félix Domingues.
A representante do ISA Marussia Whately aponta a conta de água conjunta em condomínios residenciais como uma das causas do alto consumo em regiões urbanas. “O usuário acaba não tendo o mesmo cuidado com o aumento do consumo de água assim como tem com a conta de luz”, compara. Ela defende que “pequenas transformações em hábitos diários podem gerar grandes mudança” e acredita que a conscientização é uma das ferramentas para diminuir o desperdício.
(Envolverde/Agência Brasil)
quarta-feira, 19 de março de 2008
Energia de gás natural e de biomassa de cana complementarão hidreletricidade, diz EPE
Por Paulo Montoia, da Agência Brasil
O planejamento energético do governo prevê uma ampliação rápida e significativa da oferta de gás natural neste ano e, para o ano que vem, a da energia termelétrica de biomassa de bagaço e de palha da cana-de-açúcar, segundo explicou em palestra hoje (17), em São Paulo, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Segundo Tolmasquim, o governo pretende ampliar a oferta de gás natural de 24,7 milhões de metros cúbicos por dia neste ano para até 70,8 milhões de metros cúbicos diários em 2012. “Neste ano, no Sudeste, vamos aumentar a oferta de gás de 16 milhões de metros cúbicos/dia para 40 milhões de metros cúbicos/dia até o final do ano. Sem contar que vai ter ainda o gás natural liquefeito, que vai começar em 100 milhões de metros cúbicos/dia. A demanda cresceu mais que a oferta em cerca de 16%, e estamos investindo para fazer um balanço entre oferta e demanda.”
Tolmasquim informou que, entre as fontes de energia renováveis disponíveis, o governo pretende aproveitar o potencial da biomassa de cana. “No Brasil, o momento é de aposta na bioletricidade. Existe um potencial enorme em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. É uma energia que é muito competitiva com a hidreletricidade, não polui e não onera o consumidor.”
Ele explicou que dois terços da energia de uma cana-de-açúcar estão concentradas no bagaço e na folhagem (palha).
Para viabilizar a oferta de energia termelétrica de cana-de-açúcar ao Sistema Integrado Nacional, o governo publicou em 17 de janeiro o Decreto 6.353, que regulamenta a chamada energia de reserva. O primeiro leilão desse tipo de energia está marcado para 30 de abril.
Tolmasquim considerou uma confusão de entendimento entre a produção real e a potencial a afirmação do coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, e André Sartori,que na semana passada disse à Agência Brasil que no Brasil não é mais necessário construir represas hidrelétricas porque a demanda está em torno de 50 mil megawatts e a potência instalada, em 90 mil megawatts.
"Hoje no Brasil nós temos cerca de 100 mil megawatts de capacidade instalada, se considerarmos a parte paraguaia de Itaipu. Mas esses 100 mil não estão gerando energia o tempo todo, porque as hidrelétricas não têm água para gerar energia o tempo todo. A produção atual está em torno de 50 mil, 55 mil megawatts”, afirmou.
Segundo o quarto relatório de fevereiro, de acompanhamento do cenário energético da organização Acende Brasil, do Programa Energia Transparente – Monitoramento Permanente dos Cenários de Oferta e do Risco de Racionamento, comentado por Tolmasquim em São Paulo, a demanda de eletricidade estava em 53.2 mil megawatt médio contra uma oferta firme de 51.9 mil megawatt médio.
(Agência Brasil)
O planejamento energético do governo prevê uma ampliação rápida e significativa da oferta de gás natural neste ano e, para o ano que vem, a da energia termelétrica de biomassa de bagaço e de palha da cana-de-açúcar, segundo explicou em palestra hoje (17), em São Paulo, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Segundo Tolmasquim, o governo pretende ampliar a oferta de gás natural de 24,7 milhões de metros cúbicos por dia neste ano para até 70,8 milhões de metros cúbicos diários em 2012. “Neste ano, no Sudeste, vamos aumentar a oferta de gás de 16 milhões de metros cúbicos/dia para 40 milhões de metros cúbicos/dia até o final do ano. Sem contar que vai ter ainda o gás natural liquefeito, que vai começar em 100 milhões de metros cúbicos/dia. A demanda cresceu mais que a oferta em cerca de 16%, e estamos investindo para fazer um balanço entre oferta e demanda.”
Tolmasquim informou que, entre as fontes de energia renováveis disponíveis, o governo pretende aproveitar o potencial da biomassa de cana. “No Brasil, o momento é de aposta na bioletricidade. Existe um potencial enorme em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. É uma energia que é muito competitiva com a hidreletricidade, não polui e não onera o consumidor.”
Ele explicou que dois terços da energia de uma cana-de-açúcar estão concentradas no bagaço e na folhagem (palha).
Para viabilizar a oferta de energia termelétrica de cana-de-açúcar ao Sistema Integrado Nacional, o governo publicou em 17 de janeiro o Decreto 6.353, que regulamenta a chamada energia de reserva. O primeiro leilão desse tipo de energia está marcado para 30 de abril.
Tolmasquim considerou uma confusão de entendimento entre a produção real e a potencial a afirmação do coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, e André Sartori,que na semana passada disse à Agência Brasil que no Brasil não é mais necessário construir represas hidrelétricas porque a demanda está em torno de 50 mil megawatts e a potência instalada, em 90 mil megawatts.
"Hoje no Brasil nós temos cerca de 100 mil megawatts de capacidade instalada, se considerarmos a parte paraguaia de Itaipu. Mas esses 100 mil não estão gerando energia o tempo todo, porque as hidrelétricas não têm água para gerar energia o tempo todo. A produção atual está em torno de 50 mil, 55 mil megawatts”, afirmou.
Segundo o quarto relatório de fevereiro, de acompanhamento do cenário energético da organização Acende Brasil, do Programa Energia Transparente – Monitoramento Permanente dos Cenários de Oferta e do Risco de Racionamento, comentado por Tolmasquim em São Paulo, a demanda de eletricidade estava em 53.2 mil megawatt médio contra uma oferta firme de 51.9 mil megawatt médio.
(Agência Brasil)
domingo, 16 de março de 2008
Proprietários de APPs serão incentivados a restaurá-las e preservá-las
Por Suelene Gusmão, do MMA
Será instalado no dia 10 de março, às 14h, o Grupo de Trabalho (GT) interministerial que vai tratar da restauração e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs). O GT será coordenado pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) e a secretaria-executiva estará a cargo do departamento de apoio ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Um dos principais objetivos do GT será o planejamento de uma campanha nacional com o título "Vamos cuidar das APPs", que além de informar à população sobre a questão destas áreas, vai incentivar seus proprietários a restaurá-las.
Pouco conhecidas e pouco respeitadas, as APPs são todas áreas onde estão localizadas, por exemplo, as matas ciliares, as encostas com mais de 45 graus de inclinação, os manguezais, as restingas, as escarpas e que cujos proprietários têm obrigação de preservar. É a primeira vez que uma campanha, em nível nacional, alertará sobre a questão. Segundo a diretora adjunta do Dconama, Dominique Louette, a proposta é criar uma agenda positiva para incentivar, tanto do ponto de vista econômico como ambientalmente, os responsáveis por estas áreas a proceder sua restauração.
Além da campanha nacional, o grupo de trabalho tem ainda por objetivo, de acordo com o estabelecido na Portaria nº 354, propor diretrizes, programas, instrumentos e ações direcionadas a estimular a restauração e Preservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs); propor estratégias e instrumentos para o monitoramento das APPs; e promover a articulação com outras organizações públicas e privadas que desenvolvem atividades referentes ao tema.
O GT sobre Restauração e Recuperação de Áreas de Preservação Permanente será composto por 20 órgãos, entidades e organizações não-governamentais. Entre eles, o MMA, o Ibama, a Agência Nacional de Águas (ANA), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério das Cidades, da Integração, de Minas e Energia, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, comunidade científica, entidades ou redes ambientalistas, Ministério Público Federal e Estadual.
(MMA)
Mudança climática: Mentiras verdadeiras
Por Stephen Leahy, da IPS
As incomuns baixas temperaturas de inverno registradas em janeiro nos Estados Unidos parecem ter interrompido a hibernação dos que negam a mudança climática, pois lotaram sites da Internet com mensagens sobre o “grande engano do aquecimento global”. Inclusive organizaram uma conferência para sustentar sua postura, esta semana em Nova York. “O aquecimento do planeta não é uma crise global”, disse o Instituto Heartland, organizador da Conferência Internacional sobre Mudança Climática.
Heartland é conhecido por fazer lobby com seu perfil de direita e aceitar mais de US$ 500 mil do consórcio multinacional de petróleo ExxonMobil entre 1999 e 2005, segundo documentos da própria empresa divulgados pela organização ambientalista Greenpeace, e milhares de dólares mais da indústria do tabaco. Não surpreende terem enviado um comunicado, na terça-feira, no qual insistiam em que todos os esforços “para reduzir as emissões de dióxido de carbono sejam abandonados imediatamente”.
O dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso são alguns dos chamados gases causadores do efeito estufa aos quais a maioria dos cientistas atribui o aquecimento do planeta. “O aquecimento causado pelo homem é um engano total. Não se baseia em fatos”, vociferou Rush Limbaugh, um apresentador de rádio conservador em seu programa do dia 27 de fevereiro, com cerca de 13 milhões de ouvintes. “Frio e neve sem precedentes foram comuns em todo o hemisfério norte neste inverno”, garantiu Limbaguh.
O hemisfério norte é mais do que Estados Unidos e Canadá. Também fez frio na China e no Oriente Médio, mas esteve bastante quente na Grã-Bretanha e na maior parte da Europa. No começo de fevereiro a temperatura esteve temperada em Edimburgo, com média de 14 graus, normal em julho para uma cidade escocesa. A previsão desta semana para Moscou, a capital mais ao norte do mundo, indica chuvas e uma temperatura média de três graus, e não neve e 10 graus abaixo de zero como é habitual. Essas temperaturas não provam nada. É apenas o tempo.
Mas o clima é algo totalmente diferente nas variações diárias de temperatura em qualquer lugar. O clima são as condições atmosféricas em um período limitado e em uma determinada região. Um janeiro frio é apenas o tempo que há nos Estados Unidos, nada mais. Os últimos dados da agência espacial norte-americana (Nasa) mostram que “as temperaturas globais caíram de forma drástica” no ano passado, chegou a dizer Limbaugh quando, de fato, esse organismo informou que em 2007 foi o segundo ano mais quente de que se tem registro. Refutar este fluxo de informação, ao que parece, inesgotável, para não mencionar as mentiras grosseiras, não tem sentido.
A maioria dos cientistas já não perde tempo porque sentem que responder a esses autoproclmados “cépticos da mudança climática” nada mais faz do que dar asas a eles e aos seus patrocinadores, corporações petrolíferas, entre outros. Longe de chamar pelo silêncio quando o mundo luta para compreender a realidade da mudança climática. Os que negam esse fenômeno nos Estados Unidos se mantêm firmes. O jornal The Washington Post informou no mês passado que uma nova organização, apoiada pela indústria do carvão, e seus aliados, lançou uma campanha de US$ 35 milhões para exaltar a oposição contra a legislação contra a mudança climática.
As esmagadoras provas científicas do acelerado aquecimento da Terra não bastam para que inclusive respeitados órgãos de imprensa, como The Wall Street Journal, dos Estados Unidos e National Post, do Canadá, continuem publicando artigos que anunciam uma iminente idade do gelo ou esfriamento global. Não costuma haver fundamentos científicos por trás dessas afirmações, mas os “fatos” frequentemente são distorcidos e os comentários de cientistas deliberadamente deformados, e depois figuram em sites ou blogs durante meses ou até anos.
Os que negam que a atividade humana seja responsável por grande parte da mudança climática continuarão fazendo tudo o que podem para confundir e atrasar a implementação de ações. E podem ser convincentes ao citar reconhecidos especialistas e tergiversar suas opiniões e os resultados de suas pesquisas. A IPS oferece uma série de conselhos de senso comum para verificar esse tipo de informação. Em primeiro lugar, é bastante fácil checar uma afirmação suspeita com o site de busca Google.
O aquecimento do planeta é causado por variações na atividade solar, disse uma pessoa as IPS. Sua prova é um artigo “científico” do jornal Investor’s business que assegurava que essa era a conclusão do Instituto Max Planck de Pesquisas do Sistema Solar, da Alemanha. Uma rápida visita ao site do instituto permite ler suas conclusões em primeira mão. “A atividade solar afeta o clima, mas tem um papel menor no atual aquecimento do planeta”, afirmo o centro de pesquisas.
Em segundo lugar, buscar a fonte de financiamento. Quem se beneficia com a negação da mudança climática? Não é tão difícil saber a resposta. O vice-presidente de Desenvolvimento de Novos Produtos da General Motors Corp., Bob Lutz, disse à imprensa no Texas que a teoria do aquecimento do planeta é “um grande monte de merda”. Antes havia ridicularizado os esforços para obrigar os fabricantes de automóveis a construírem veículos menores e mais eficientes escrevendo em seu blog que “é como tentar enfrentar o problema de obesidade deste país obrigando os fabricantes de roupa vender tamanhos menores e apertados”.
O jornalista Ross Gelbspan seguiu a pista do dinheiro que fluiu da indústria automobilística e petrolifera para várias organizações e institutos de direita e publicou seu resultado em “Teh heat is on” (A calefação está acesa) e “Boiling point” (Ponto de ebulição). Como os cientistas se beneficiam das conclusões de que as atividades humanas aceleram a mudança climática sem se darem conta? Os que negam o fenômeno afirmam que assim recebem financiamento para suas pesquisas a esse respeito. É verdade, mas também receberiam dinheiro se investigassem a contaminação da água ou da camada de ozônio.
A camada de ozônio é a cobertura estratosférica que protege a vida do planeta das radiações solares nocivas. Quando os cientistas realizam pesquisas, apenas tentam responder perguntas que surgiram. Não lhes importa a quais conclusões chegarão. São o que são: os humanos aceleram a mudança climática. Se quiserem dinheiro trabalhariam em Wasl Street, certo?
(Envolverde/IPS)
As incomuns baixas temperaturas de inverno registradas em janeiro nos Estados Unidos parecem ter interrompido a hibernação dos que negam a mudança climática, pois lotaram sites da Internet com mensagens sobre o “grande engano do aquecimento global”. Inclusive organizaram uma conferência para sustentar sua postura, esta semana em Nova York. “O aquecimento do planeta não é uma crise global”, disse o Instituto Heartland, organizador da Conferência Internacional sobre Mudança Climática.
Heartland é conhecido por fazer lobby com seu perfil de direita e aceitar mais de US$ 500 mil do consórcio multinacional de petróleo ExxonMobil entre 1999 e 2005, segundo documentos da própria empresa divulgados pela organização ambientalista Greenpeace, e milhares de dólares mais da indústria do tabaco. Não surpreende terem enviado um comunicado, na terça-feira, no qual insistiam em que todos os esforços “para reduzir as emissões de dióxido de carbono sejam abandonados imediatamente”.
O dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso são alguns dos chamados gases causadores do efeito estufa aos quais a maioria dos cientistas atribui o aquecimento do planeta. “O aquecimento causado pelo homem é um engano total. Não se baseia em fatos”, vociferou Rush Limbaugh, um apresentador de rádio conservador em seu programa do dia 27 de fevereiro, com cerca de 13 milhões de ouvintes. “Frio e neve sem precedentes foram comuns em todo o hemisfério norte neste inverno”, garantiu Limbaguh.
O hemisfério norte é mais do que Estados Unidos e Canadá. Também fez frio na China e no Oriente Médio, mas esteve bastante quente na Grã-Bretanha e na maior parte da Europa. No começo de fevereiro a temperatura esteve temperada em Edimburgo, com média de 14 graus, normal em julho para uma cidade escocesa. A previsão desta semana para Moscou, a capital mais ao norte do mundo, indica chuvas e uma temperatura média de três graus, e não neve e 10 graus abaixo de zero como é habitual. Essas temperaturas não provam nada. É apenas o tempo.
Mas o clima é algo totalmente diferente nas variações diárias de temperatura em qualquer lugar. O clima são as condições atmosféricas em um período limitado e em uma determinada região. Um janeiro frio é apenas o tempo que há nos Estados Unidos, nada mais. Os últimos dados da agência espacial norte-americana (Nasa) mostram que “as temperaturas globais caíram de forma drástica” no ano passado, chegou a dizer Limbaugh quando, de fato, esse organismo informou que em 2007 foi o segundo ano mais quente de que se tem registro. Refutar este fluxo de informação, ao que parece, inesgotável, para não mencionar as mentiras grosseiras, não tem sentido.
A maioria dos cientistas já não perde tempo porque sentem que responder a esses autoproclmados “cépticos da mudança climática” nada mais faz do que dar asas a eles e aos seus patrocinadores, corporações petrolíferas, entre outros. Longe de chamar pelo silêncio quando o mundo luta para compreender a realidade da mudança climática. Os que negam esse fenômeno nos Estados Unidos se mantêm firmes. O jornal The Washington Post informou no mês passado que uma nova organização, apoiada pela indústria do carvão, e seus aliados, lançou uma campanha de US$ 35 milhões para exaltar a oposição contra a legislação contra a mudança climática.
As esmagadoras provas científicas do acelerado aquecimento da Terra não bastam para que inclusive respeitados órgãos de imprensa, como The Wall Street Journal, dos Estados Unidos e National Post, do Canadá, continuem publicando artigos que anunciam uma iminente idade do gelo ou esfriamento global. Não costuma haver fundamentos científicos por trás dessas afirmações, mas os “fatos” frequentemente são distorcidos e os comentários de cientistas deliberadamente deformados, e depois figuram em sites ou blogs durante meses ou até anos.
Os que negam que a atividade humana seja responsável por grande parte da mudança climática continuarão fazendo tudo o que podem para confundir e atrasar a implementação de ações. E podem ser convincentes ao citar reconhecidos especialistas e tergiversar suas opiniões e os resultados de suas pesquisas. A IPS oferece uma série de conselhos de senso comum para verificar esse tipo de informação. Em primeiro lugar, é bastante fácil checar uma afirmação suspeita com o site de busca Google.
O aquecimento do planeta é causado por variações na atividade solar, disse uma pessoa as IPS. Sua prova é um artigo “científico” do jornal Investor’s business que assegurava que essa era a conclusão do Instituto Max Planck de Pesquisas do Sistema Solar, da Alemanha. Uma rápida visita ao site do instituto permite ler suas conclusões em primeira mão. “A atividade solar afeta o clima, mas tem um papel menor no atual aquecimento do planeta”, afirmo o centro de pesquisas.
Em segundo lugar, buscar a fonte de financiamento. Quem se beneficia com a negação da mudança climática? Não é tão difícil saber a resposta. O vice-presidente de Desenvolvimento de Novos Produtos da General Motors Corp., Bob Lutz, disse à imprensa no Texas que a teoria do aquecimento do planeta é “um grande monte de merda”. Antes havia ridicularizado os esforços para obrigar os fabricantes de automóveis a construírem veículos menores e mais eficientes escrevendo em seu blog que “é como tentar enfrentar o problema de obesidade deste país obrigando os fabricantes de roupa vender tamanhos menores e apertados”.
O jornalista Ross Gelbspan seguiu a pista do dinheiro que fluiu da indústria automobilística e petrolifera para várias organizações e institutos de direita e publicou seu resultado em “Teh heat is on” (A calefação está acesa) e “Boiling point” (Ponto de ebulição). Como os cientistas se beneficiam das conclusões de que as atividades humanas aceleram a mudança climática sem se darem conta? Os que negam o fenômeno afirmam que assim recebem financiamento para suas pesquisas a esse respeito. É verdade, mas também receberiam dinheiro se investigassem a contaminação da água ou da camada de ozônio.
A camada de ozônio é a cobertura estratosférica que protege a vida do planeta das radiações solares nocivas. Quando os cientistas realizam pesquisas, apenas tentam responder perguntas que surgiram. Não lhes importa a quais conclusões chegarão. São o que são: os humanos aceleram a mudança climática. Se quiserem dinheiro trabalhariam em Wasl Street, certo?
(Envolverde/IPS)
Consumo consciente: que escolhas temos?
Por Neuza Árbocz *
Enquanto políticas públicas mais corretas em relação aos desafios ambientais ainda se estruturam, outras iniciativas tentam provocar transformação de atitudes em cada um de nós. O equilíbrio planetário só poderá ser alcançado com estes dois movimentos simultâneos. Assim, nesta semana, Idec e Vitae Civilis e Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançam campanhas pelo Consumo Consciente.
As campanhas trazem dicas e lembretes, convidando todos a repensarem seus hábitos e a observarem se aquilo que compram foi produzido de forma responsável e pode ser descartado de forma adequada.
A campanha do MMA é reforçada por uma mostra de Boas Práticas e Inovações em Embalagens, realizada até dia 15 de março em Brasília, no Pátio Brasil Shopping.Ela chama a atenção sobre os muitos invólucros que consumimos no dia-a-dia. Segundo o Ministério, a sua campanha "quer instigar a população a prestigiar empresas preocupadas com o meio ambiente e a demandar do mercado que novas alternativas e soluções sejam empregadas em larga escala".
Um atestado de que nosso governo não tem tido força para modificar a cadeia de consumo no ritmo que precisamos. Assim, resta-nos contar mesmo com nosso poder de consumidores. Embora isto possa significar um tanto de dificuldades, na prática.
Adotar pequenas mudanças de atitude como levar sua própria sacola para fazer compras parece simples, mas no dia-a-dia, com a característica pressa que tomou conta de tudo, poucos conseguem de fato lembrar-se deste detalhe. Além do que, o lixo é coletado em sacos plásticos; de qualquer forma, vamos precisar dos danados cedo ou tarde, enquanto a coleta não for organizada de outra forma.
Falta de escolha
Muitas vezes, como consumidores não temos muita escolha.
A coleta seletiva, por exemplo, deveria existir por contrato, para todos os bairros, em todas as cidades. Afinal, toda prefeitura paga por este serviço. É espantoso que até hoje este serviço misture lixo orgânico, com materiais reaproveitáveis e forme lixões e depósitos poluentes, muitas vezes, nas poucas áreas verdes remanescentes dos municípios. Será que os contratos não podem ser revistos e estabelecer uma prática diferente?
Recicláveis geram renda e podem servir para a própria empresa de coleta, abatendo o valor do serviço a medida que a cadeia de seu escoamento for estabelecida. Por que os governantes demoram tanto para alterar as exigências para este serviço?
Não raras vezes, como consumidores só nos resta abrir mão de comprar e passar vontade, pura e simplesmente. Afinal, se a utilização de embalagens não recicláveis e não degradáveis é permitida por lei no País, que remédio?
Um exemplo disto são as embalagens de alumínio plastificado usadas amplamente para proteger chocolates, bolachas e barrinhas de cereais, entre outros produtos.
A mistura de plástico com alumínio as torna inaproveitáveis, até o momento. As centrais de reciclagem as retiram de junto dos materiais coletados e as jogam fora, simplesmente. Como consumidores, não temos muito o quê fazer, a não ser boicotar este tipo de embalagem.
Isso se tivermos força de vontade suficiente para lembrarmos disto na hora de comprar aquele irresistível chocolate ou repor algumas energias com uma barrinha de cereais, ou uma bolacha no meio da tarde. Até produtos naturais e integrais usam esta embalagem, confundindo os consumidores que se esforçam por ter bons hábitos.
Kit a tiracolo
Outros fatores dificultam a vida de quem quer optar pelo consumo consciente. A grande disseminação de descartáveis, por exemplo, exige que se carregue uma caneca a tiracolo, garrafinha d'água, conjunto de talheres dobráveis e quem sabe, até um pequeno prato ou vasilha leve. Quem é que pode estar com este kit pronto a todo tempo?
Não seria mais fácil empresas, repartições públicas, escolas, lanchonetes etc. voltarem a adotar produtos duráveis e laváveis? Assim, se reduziria o impacto de transporte das toneladas de descartáveis que usamos a cada dia. A maioria não reciclada. Pois o fato de um produto ser reciclável não significa que ele o seja de fato.
Isopor: silencioso vilão
Como o caso do isopor, por exemplo. Virou mania em padarias e mercados de todo porte colocar aquela mussarela ou salaminho ou, até mesmo, pãezinhos recheados ou que produto for, em pratos de isopor. Até a carne em açougues já merece este 'luxo', que gera toneladas de isopor contaminado por material orgânico, que ninguém se aventura a reciclar ou reaproveitar.
O isopor, neste caso, pode trazer proteção extra ao alimento, mas por anos a fio vivemos sem ela, não vivemos? Além do que, é sabido que o isopor tem toxidade e a desprende se quebrado. Será o melhor material para colocarmos em contato com o que comemos?
Além disto, o isopor ao se quebrar no lixo, espalha pequenas bolinhas que contaminam lençóis freáticos ou todo o ambiente ao seu redor, se tornando uma ameaça a pequenos animais e se infiltrando em locais de difícil remoção. E as bolinhas vão ficar por lá centenas de anos, pois são uma resina plástica expandida e não se degradam naturalmente.
O que consumidor pode fazer neste caso? Pedir ao atendente para dispensar o isopor e agüentar os olhares de 'tipo esquisito; eu hein...', e ponto. Afinal, o atendente não sabe o que está fazendo.
Para conhecer as campanhas, acesse:
Mude o consumo, para não mudar o clima - http://www.climaeconsumo.org.br/default.html
Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) - http://www.idec.org.br/
Vitae Civilis - http://www.vitaecivilis.org.br/
Ministério do Meio Ambiente - http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=133
(Envolverde/O autor)
Uso racional de água: sua atitude faz diferença
Por Milton Luis Joseph*
É comum ouvirmos nos bate-papos informais que a água vai acabar, que é preciso economizar, pois ela é um bem finito etc. Mas por que o hábito do uso racional da água não acontece ou acontece de forma lenta? Arrisco que é porque a maioria das pessoas pensa em sua atitude de uma forma isolada: "de que adianta eu economizar se meu vizinho lava o carro todos os sábados com a mangueira?". Um bom exercício é pensar que a sua ação, somada a de outras pessoas que também se preocupam com o mesmo problema, vão formando uma única onda que pode, sim, fazer a diferença.
Este movimento – agir individualmente e influir coletivamente – tem de ser contínuo e urgente. Temos dois terços da superfície da Terra cobertos por água (1% deste total é apropriado para beber), mas uma em cada três pessoas não dispõe do líquido em quantidade suficiente para atender as suas necessidades básicas.
Rever nossos hábitos, que estão constantemente sendo estimulados pelo consumo desenfreado, pode ser um caminho para uma guinada. Isto porque se o padrão atual de consumo de água for mantido, calcula-se que essa proporção subirá para dois terços da população mundial em 2050. Taí uma prova de que os seres humanos afetaram decisiva e negativamente a renovação natural dos recursos hídricos, seja consumindo sem se importar com o uso racional e o combate ao desperdício, seja ocupando os espaços das regiões dos mananciais, poluindo a água. Calcula-se que 30% das maiores bacias hidrográficas tenham perdido mais da metade da cobertura vegetal original, o que levou à redução da quantidade de água.
A Região Metropolitana de São Paulo já sente a dificuldade na captação de água de boa qualidade, pois os mananciais mais limpos estão mais distantes, o que encarece a água que é distribuída. Boa parte do líquido que chega aos imóveis da Grande São Paulo é captada da bacia do rio Piracicaba e viaja mais de 70 km para chegar às torneiras. Mesmo assim, enquanto a ONU recomenda um consumo de até 110 litros por habitante/dia, nos bairros nobres de São Paulo chegamos a uma média de até 500 litros habitante/dia.
Há também a responsabilidade do setor público, que deve combater as perdas d´água no sistema. No Brasil, do total de água captada, uma média de 50% se perde no percurso entre os mananciais e os imóveis. E é mais complicado ainda saber que o país já está produzindo água em capacidade hídrica próxima do esgotamento. Em Santo André, a média de perda é menor, cerca de 29%, e vem caindo ano a ano graças a investimentos tanto em tecnologia como na educação e mobilização ambiental, que é fundamental quando falamos em mudança de comportamentos.
Sabemos que há muito a ser feito, mas que não podemos parar. É possível acreditar numa mudança se também formos parte dela. Este é o melhor presente que damos ao Planeta para comemorar o Dia Mundial da Água.
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* Milton Luis Joseph é engenheiro civil e superintendente do Semasa - Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André, onde trabalha desde 1979.
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(Envolverde/Assessoria)
terça-feira, 4 de março de 2008
Árvores que ameaçam florestas
Para uma floresta em perigo, nada como o nascimento de novas árvores. Pelo menos é isso o que o senso comum permite imaginar, mas a realidade não é bem essa. À lista de ameaças às florestas tropicais pode-se acrescentar uma nova: árvores.
Segundo um estudo feito por pesquisadores dos Estados Unidos, árvores não nativas ao ingressar em florestas tropicais provocam alterações na estrutura biológica básica encontrada nos locais. Ou seja, elas fazem com que a floresta se torne menos hospitaleira à miríade de plantas e espécies de animais que dela dependem.
O estudo será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
O grupo, liderado por Gregory Asner, do Departamento de Ecologia Global do Instituto Carnegie, usou uma tecnologia inovadora para sensoriamento remoto. Por meio do Observatório Aéreo Carnegie, instalado em uma aeronave, os pesquisadores desenharam mapas tridimensionais para avaliar o impacto de espécies invasoras em uma área de mais de 220 mil hectares de floresta no Havaí.
“Espécies invasoras de árvores freqüentemente apresentam propriedades bioquímicas, fisiológicas e estruturais diferentes das espécies nativas. Nós combinamos essas ‘impressões digitais’ com imagens tridimensionais para ver como essas árvores estão alterando a floresta”, disse Asner.
No Havaí, estima-se que metade de todos os organismos não seja nativa e que cerca de 120 espécies de plantas podem ser consideradas como altamente invasivas. Áreas de vegetação original em floresta tropical no arquipélago são geralmente dominadas pela ohia (Metrosideros polymorpha), mas essa espécie que cresce muito lentamente está perdendo terreno para outras mais novas no local, como a Morella faya, originária das Ilhas Canárias.
De acordo com os pesquisadores, árvores introduzidas também podem abrir caminho para mais invasores a partir da alteração da fertilidade do solo. A Falcataria moluccana, por exemplo, considerada uma das espécies mais invasoras, fixa nitrogênio da atmosfera, concentrando-o no solo, o que estimula a velocidade de crescimento de outra espécie invasiva e menor, a Psidium cattleianum.
A P. cattleianum, por sua vez, forma uma densa cobertura que evita que a maior parte da luz solar atinja o solo e promova o crescimento de plantas nativas jovens.
Os pesquisadores ressaltam que as análises foram feitas em reservas protegidas pelo governo. Ou seja, o cenário pode ser ainda pior. “Essas espécias conseguem se espalhar por áreas protegidas e sem a ajuda de alterações promovidas pelas atividades humanas. Isso sugere que as abordagens tradicionais de conservação não são suficientes para a sobrevivência a longo prazo das florestas”, disse Asner.
O artigo Invasive plants transform the three-dimensional structure of rain forests, de Gregory Asner e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
(Agência Fapesp)
Segundo um estudo feito por pesquisadores dos Estados Unidos, árvores não nativas ao ingressar em florestas tropicais provocam alterações na estrutura biológica básica encontrada nos locais. Ou seja, elas fazem com que a floresta se torne menos hospitaleira à miríade de plantas e espécies de animais que dela dependem.
O estudo será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
O grupo, liderado por Gregory Asner, do Departamento de Ecologia Global do Instituto Carnegie, usou uma tecnologia inovadora para sensoriamento remoto. Por meio do Observatório Aéreo Carnegie, instalado em uma aeronave, os pesquisadores desenharam mapas tridimensionais para avaliar o impacto de espécies invasoras em uma área de mais de 220 mil hectares de floresta no Havaí.
“Espécies invasoras de árvores freqüentemente apresentam propriedades bioquímicas, fisiológicas e estruturais diferentes das espécies nativas. Nós combinamos essas ‘impressões digitais’ com imagens tridimensionais para ver como essas árvores estão alterando a floresta”, disse Asner.
No Havaí, estima-se que metade de todos os organismos não seja nativa e que cerca de 120 espécies de plantas podem ser consideradas como altamente invasivas. Áreas de vegetação original em floresta tropical no arquipélago são geralmente dominadas pela ohia (Metrosideros polymorpha), mas essa espécie que cresce muito lentamente está perdendo terreno para outras mais novas no local, como a Morella faya, originária das Ilhas Canárias.
De acordo com os pesquisadores, árvores introduzidas também podem abrir caminho para mais invasores a partir da alteração da fertilidade do solo. A Falcataria moluccana, por exemplo, considerada uma das espécies mais invasoras, fixa nitrogênio da atmosfera, concentrando-o no solo, o que estimula a velocidade de crescimento de outra espécie invasiva e menor, a Psidium cattleianum.
A P. cattleianum, por sua vez, forma uma densa cobertura que evita que a maior parte da luz solar atinja o solo e promova o crescimento de plantas nativas jovens.
Os pesquisadores ressaltam que as análises foram feitas em reservas protegidas pelo governo. Ou seja, o cenário pode ser ainda pior. “Essas espécias conseguem se espalhar por áreas protegidas e sem a ajuda de alterações promovidas pelas atividades humanas. Isso sugere que as abordagens tradicionais de conservação não são suficientes para a sobrevivência a longo prazo das florestas”, disse Asner.
O artigo Invasive plants transform the three-dimensional structure of rain forests, de Gregory Asner e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
(Agência Fapesp)
Babaçu e alga de água doce podem conter o futuro combustível da aviação
Quinta, 28 fevereiro 2008 . The Wall Street Journal
Richard Branson até bebeu combustível para mostrar seu comprometimento. Um "showman" como sempre, o presidente da Virgin Atlantic Airlines, Richard Branson, abriu um vidrinho com combustível de aviação feito de óleo de coco e babaçu do Brasil e bebeu, forçando um sorriso rígido.
"É mais apropriado para o motor", disse ele diante de câmeras de TV. Depois, reservadamente, disse que tinham dito que ele podia beber, "mas, meu Deus, é horrível".
Branson espera que ele e os passageiros da companhia aérea sintam um gostinho muito melhor do "biocombustível" daqui a alguns anos.
No domingo, a Virgin fez um vôo com um Boeing 747 do Aeroporto Heathrow, de Londres, para Amsterdã com uma das quatro turbinas do avião queimando um mistura de 80% de combustível de aviação e 20% de óleo vegetal. O primeiro teste comercial feito por uma empresa aérea com biocombustível aconteceu sem nenhum problema - exceto o arroto de Branson -, demonstrando que um dia os aviões podem deixar de consumir somente combustíveis à base de petróleo.
Em três a seis anos, prevêem especialistas em combustíveis, os passageiros poderão voar em jatos pelo menos parcialmente movidos a óleos vegetais, com uma redução de 20% no total de emissões.
As companhias aéreas estão sob uma crescente pressão para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global, embora os poluentes da aviação somem menos de 3% do total dessas emissões. Os jatos são sinais visíveis de dano ambiental e os cientistas temem que os poluentes que são despejados diretamente em altas altitudes possam ser mais perigosos do que os que são liberados em terra.
Alguns governos já estão tributando os passageiros de avião para desestimular a poluição que os vôos causam, e as companhias aéreas vão provavelmente ser incluídas em regimes de trocas de emissões, obrigadas a pagar pela exaustão.
A combinação de tributos ambientais e da alta do petróleo pode tornar os biocombustíveis não somente viáveis, mas também mais baratos do que os combustíveis à base de petróleo. No domingo, Branson pediu que o governo do Reino Unido reduza os impostos cobrados dos passageiros no caso das empresas aéreas que reduzirem as emissões, com as economias repassadas diretamente aos passageiros. Ele também sugeriu que no futuro os passageiros poderão conseguir escolher a empresa aérea não somente com base no preço, grade de vôos, amenidades e milhas oferecidas e coisas assim, mas também com base em até que ponto a empresa aérea e seu combustível são "verdes".
"Isso vai estimular uma concorrência entre empresas aéreas", disse. "Alguns passageiros podem fazer um esforço extra para voar numa empresa aérea verde."
O biocombustível não queima mais limpo nas turbinas de avião do que o querosene, a base do combustível de aviação atual. As emissões são na verdade praticamente iguais, dizem especialistas em combustíveis. Mas o biocombustível consegue reduzir o dano ambiental total em 22% porque a produção dele é menos prejudicial. As plantas e árvores que produzem os óleos removem gás carbônico da atmosfera, por exemplo, e não incluem toda a perfuração, o refino nem os custos de transporte do petróleo.
O teste da Virgin, feito junto com a Boeing Co. e a General Electric Co., que fabrica turbinas, ocorreu depois que a GE já havia feito muitos testes da mistura com biocombustível. O combustível foi produzido pela Imperium Renewables Inc., uma empresa de Seattle, no Estado americano de Washington.
A Imperium, uma empresa de quatro anos fundada por John Plaza, um ex-piloto da Northwest Airlines Corp., resolveu um problema que muitos especialistas em combustível pensavam ser insuperável - produzir um biocombustível para jatos que não congele nas temperaturas incrivelmente baixas das altitudes alcançadas pelos vôos.
Os biocombustíveis que estão sendo testados agora podem ser usados em turbinas de aviões sem nenhuma modificação, informaram a Boeing e a GE.
Os resultados do teste de domingo não serão conhecidos até que os dados do desempenho sejam analisados e a turbina passe por revisão.
"A turbina está se comportando normalmente em todos os aspectos", com a mesma propulsão das outras três, anunciou o comandante Geoff Andreason via rádio durante o vôo.
O coco e o babaçu provavelmente não são, entretanto, o futuro para os biocombustíveis viáveis, porque o óleo extraído dessas plantas, que são usadas em cosméticos, pomadas para os lábios e cremes de barbear, não podem ser produzidas em quantidade suficiente para alimentar as empresas aéreas do mundo.
Plaza diz que a tecnologia da Imperium pode extrair biocombustível para aviação a partir de praticamente qualquer planta renovável, e que a substância que pode ser a mais promissora é a alga de água doce. Um combustível totalmente feito de fontes renováveis que gere a mesma energia que o querosene é possível dentro de cinco anos, afirma.
Scott McCartney
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Gerenciamento sustentável de florestas receberá atenção especial da presidência do G8
Gerenciamento sustentável de florestas receberá atenção especial da presidência do G8
Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil
O gerenciamento sustentável de florestas será o tema chave durante a presidência japonesa do G8, anunciou o primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, durante o Fórum de Mudanças Climáticas, que se encerra hoje em Brasília.
"Enquanto promovemos 'gerenciamento sustentável de florestas', precisamos tentar frear o desmatamento e a degradação florestal. Eu pretendo promover esta discussão com outros países para promover um progresso importante em direção a uma resolução", disse Fukuda na abertura do encontro de legisladores do G8+5.
O Brasil abriga a maior floresta tropical do mundo, porém tem recebido olhares de desconfiança da comunidade internacional por mostrar incapacidade em controlar as queimadas e degradação ambiental da Amazônia.
Durante o Fórum, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que o comércio ilegal de madeira é a questão crucial do desmatamento vivido hoje no país. O ministro reafirmou que a produção agrícola brasileira não precisa derrubar árvores dentro do bioma amazônico para avançar.
Operação Guardiões da Amazônia
Bem longe do encontro dos legisladores em Brasília, agentes do Ibama e do governo estadual do Pará enfrentaram ontem mais manifestações de pessoas contrárias a fiscalização de madeireiras em Tailândia, na chamada Operação Guardiões da Amazônia. Iniciada na semana passada no município, a operação já multou cinco das dez serrarias já fiscalizadas (entre as 140 da cidade) por terem em estoque madeira sem origem comprovada e por comércio de madeira sem autorização.
A governadora, Ana Júlia Carepa, disse ontem que a operação vai continuar, "doa a quem doer". "Vamos continuar a operação contra o desmatamento ilegal, nem que eu tenha de andar de colete à prova de bala", afirmou durante o lançamento do programa Extinção Zero em Belém. O programa estadual pretende assegurar a preservação e proteção das espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção. "Vamos mostrar que somos capazes de cuidar da nossa biodiversidade e da nossa Amazônia", finalizou Ana Júlia.
O combate à extração ilegal aliado ao gerenciamento sustentável das florestas é uma das saídas para o desmatamento na Amazônia. E, apesar de ainda raros, alguns exemplos de projetos de gerenciamento florestal emergem como modelos de conservação no Brasil. É o caso do gerenciamento da maior área privada de floresta tropical do mundo, da empresa de papel e celulose ORSA.
Segundo reportagem da agência de notícias Reuters, o Grupo Orsa retira apenas 30 metros cúbicos de madeira por hectares a cada 30 anos, a taxa de regeneração natural da floresta. As árvores são derrubadas, transportadas e contabilizadas em um inventário computadorizado.
Na propriedade, de 1,7 milhões de hectares (o equivalente a metade do tamanho da Bélgica), cerca de 80% da floresta está de pé e um terço é gerenciado e certificado pelo Conselho de Administração de Florestas (FSC, na sigla em inglês). "Madeira ilegal mata 30 árvores para conseguir uma. Este projeto protege mais árvores do que extrai", afirmou Ana Yang, do FSC do Brasil.
O FSC, uma entidade observatória da indústria internacional, certifica e inspeciona o projeto a cada seis meses. O corte de madeira começou em 2003.
"Se o governo se esforçasse pelo gerenciamento sustentável de florestas da mesma maneira que o fez pelo desenvolvimento da agricultura nos anos 70 e 80, nós poderíamos preservar muito mais a Amazônia", disse à Reuters o pesquisador da Embrapa, Judson Ferreira.
Em março, o governo selecionará três empresas para gerenciar 96 mil hectares de floresta, a primeira oferta de terras federais. "O gerenciamento florestal é uma ótima alternativa e ORSA está dando um bom exemplo disto, mas queremos fazer as coisas com calma", disse o diretor do Programa Nacional de Florestas do MMA, Tasso Rezende de Azevedo. Azevedo disse à Reuters que a propriedade privada de terras na Amazônia é, no entanto, controversa.
Madeira ilegal versus certificação
Cerca de 80% da madeira extraída da Amazônia tem origem ilegal e a venda de madeira certificada é hoje uma das melhores saídas para o problema. Deste total, 64% vai para o consumo interno, sendo 15% só para o estado de São Paulo e 27% para o Sul e os outros estados do Sudeste, segundo dados do Greenpeace.
O próprio governo é responsável pelo financiamento da extração ilegal, uma vez que 1/3 do total brasileiro é consumido pelo setor público, em obras e no consumo direto. Para tentar reduzir estes números, o Greenpeace lançou o programa Cidade Amiga da Amazônia que incentiva municípios e consumidores a adquirirem madeira de origem legal e sustentável. "As prefeituras adotam critérios que impedem o consumo de madeira ilegal", explica o coordenador do programa, MárcioAstrini.
O governo do estado de São Paulo, a capital e outras 23 cidades paulistas, Porto Alegre e quatro cidades gaúchas, Recife, Olinda, Fortaleza, Salvador, Manaus e Apucarana (PR) participam do programa. Porto Alegre terá em março uma obra piloto com madeira adquirida pelo programa. "A compra de madeira ilegal por parte do governo contribui muito mais do que permitir 20% de desmatamento", afirma Astrini.
Mudanças Climáticas no Fórum do Itamaraty
No Fórum, que reúne países do G8 e do bloco de cinco países de economia emergente, o primeiro-ministro japonês enfatizou também a importância de combater as mudanças climáticas e lembrou que o Japão recentemente lançou o programa "Promoção do Resfriamento da Terra", o qual pretende fortalecer a imagem de país como líder em eficiência energética e inclui o emprego de 10 bilhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento no esforço de mitigação e adaptação.
É a primeira vez que a reunião é realizada em um país de economia emergente. Na avaliação do porta-voz do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, Sergio Jellinek, isto se deve ao papel do Brasil no cenário mundial como "provedor de soluções para a questão das mudanças climáticas", em referência à matriz energética limpa e aos investimentos brasileiros em biocombustíveis
Quer saber mais sobre o Programa Cidade Amiga da Amazônia? Acesse o site
http://www.greenpeace.org.br/cidadeamiga/
(CarbonoBrasil)
MMA apresenta ações para combate às mudanças climáticas a parlamentares suecos
Por Gisele Teixeira, do MMA
Parlamentares das comissões de Meio Ambiente e Agricultura da Suécia estiveram nesta terça-feira (26/2) no Ministério do Meio Ambiente para conhecer o trabalho do governo brasileiro nas áreas de redução do desmatamento e enfrentamento das mudanças climáticas. A equipe foi recebida pela ministra Marina Silva e pela secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Thelma Krug. É a segunda delegação internacional a visitar o MMA em fevereiro (a primeira foi dos Estados Unidos).
O país europeu possui 16 objetivos ligados à área ambiental a serem atingidos até 2020. Entre eles, redução dos impactos das mudanças climáticas, proteção da camada de ozônio, limpeza do ar, e manutenção de florestas sustentáveis. Por isso a curiosidade dos parlamentares em diversos projetos e iniciativas brasileiras.
Tanto a ministra quanto a secretária destacaram as diferentes experiências já em andamento no País, como a queda de 59% na taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos três anos; o percentual significativo que as fontes renováveis ocupam na matriz energética brasileira e as pesquisas para avaliar o impacto das mudanças climáticas na biodiversidade e na população em diferentes biomas. De acordo com Thelma, há também grande interesse dos suecos na posição do Brasil nas negociações internacionais para o período pós-2012, quando termina o primeiro período de compromissos do Protocolo de Quioto.
No caso das mudanças climáticas, a Suécia precisa cortar as emissões em até 50%, a partir dos níveis atuais, até 2050, ou mantê-las abaixo de 4,5 toneladas de CO2 por pessoa/ por ano. Este valor hoje é de cerca de 8 toneladas/ano. Para atingir essas metas, o país realizou diversas reformas, inclusive no setor tributário, e vem colhendo alguns frutos. Entre 1990 e 2005, as emissões de CO2 caíram mais de 7%, ao mesmo tempo em que o Produto Interno Bruto cresceu 35%. As emissões do setor de transporte, no entanto, cresceram cerca de 10% entre 1990 e 2002.
Esse índice justifica o interesse dos suecos nos projetos brasileiros de biocombustíveis. Hoje, um quinto da matriz energética do país é suprida por biocombustíveis e todos os postos misturam 5% de etanol ao petróleo. Por lei, os maiores revendedores são obrigados a vender biocombustíveis desde 2006 e, a partir de 2007, os consumidores recebem descontos na compra de carros mais eficientes (flex).
(MMA)
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Mandioca e pinhão-manso
SEGUNDA, 25 FEVEREIRO 2008 . GAZETA MERCANTIL
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Espero estar redondamente enganado, mas temo que haja alguma semelhança na cantilena de ontem e de hoje. Ontem, foi a vez do álcool da mandioca, hoje é da planta exótica, tipo pinhão-manso, capaz de produzir o biodiesel e encher os bolsos de pequenos agricultores que habitam rincões menos favorecidos. O pinhão-manso, que tem até site, é descrito na página como "árvore com até 4 metros de altura, flores pequenas, amarelo-esverdeadas, cujo fruto é uma cápsula com três sementes escuras, lisas, dentro das quais se encontra a amêndoa branca, tenra e rica em óleo".
Só para refrescar a memória: a usina experimental de Curvelo, em Minas, nasceu nos desafiadores anos 70, época em que o País mal produzia 10% do petróleo que consumia. A idéia era fazer da usina em escala experimental um empurrão na tecnologia do álcool da mandioca. O que se pretendia era ter uma solução para a pequena lavoura tirar o pé da lama, plantando uma matéria-prima que se transformaria em combustível renovável para alimentar os motores de carros.
Naquela ocasião, quando se visualizou o álcool da mandioca, o Brasil raspava os tachos das minguadas reservas monetárias da ocasião para trazer petróleo de fora e dar de comer aos carros e caminhões. Gastávamos, pois, o que tínhamos e o que não tínhamos para não deixar a pé o brasileiro e a indústria automobilística.
O álcool deu certo, fracassou, depois ressuscitou a partir da proposta da tecnologia do motor flex. Mas, não à custa da mandioca, e sim da cana-de-açúcar. Seria a vitória da tecnologia dos feudos, representada pelos barões da cana e o fracasso de um produto, no caso a mandioca, plantado pela camada sem poder da população?
Petrobras pode ser um agente para materializar o equilíbrio das forças produtivas
Dois fatos parecem incontestáveis: nunca se vendeu tanto álcool combustível como agora. E nunca mais se falou da coitada da mandioca.
O biodiesel, cuja adição ao diesel mineral é obrigatória na proporção de 2%, poderá seguir o mesmo rumo. Ou seja, culturas mais tradicionais e menos exóticas deverão dominar o biodiesel.
De boas intenções, o inferno e a política estão bem servidos. A realidade, por vezes, é crua. Nem sempre boas e nobres causas saem vencedoras, atropeladas que são por interesses maiores.
Vejo, agora, que a Petrobras acaba de criar uma diretoria específica para defender os interesses dos biocombustíveis. O que se pretende com a iniciativa, imagino, é estabelecer um canal de voz próprio para lutar pelos interesses do negócio de combustíveis vegetais.
Como empresa pública de energia, a Petrobras poderá com essa atitude estar criando um canal de voz para os interesses dos pequenos agricultores. A estatal, como se sabe, tem o domínio da cadeia do petróleo (produz, extrai e distribui) e não lhe será difícil ter o controle da cadeia do combustível vegetal.
Com isso - tratando os combustíveis vegetais também como questão de redistribuição de riquezas - a Petrobras tem a faca e o queijo nas mãos para materializar uma política de governo capaz de equilibrar forças produtivas, melhorar o meio ambiente e a vida dos brasileiros menos favorecidos.
Confesso que sou cético quando se fala em políticas públicas para favorecer os pequenos, mas torço para que o biodiesel - tratado como política de governo, assim como está se cuidando da revitalização da construção naval - seja uma fonte de inclusão social e não de exclusão.
O diesel mineral, combustível derivado de petróleo mais consumido no País, se complementado por uma dose de biodiesel trazido do pinhão-manso poderá ajudar os pequenos agricultores e, em conseqüência, fazer com que o Brasil materialize uma política de aceleração da distribuição de renda. Afinal, está se falando de um combustível vital e estratégico que, além de caminhões, ônibus e geradores, move locomotivas e navios.
ARIVERSON FELTRIN - Editor de Infra-estrutura da Gazeta Mercantil
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Espero estar redondamente enganado, mas temo que haja alguma semelhança na cantilena de ontem e de hoje. Ontem, foi a vez do álcool da mandioca, hoje é da planta exótica, tipo pinhão-manso, capaz de produzir o biodiesel e encher os bolsos de pequenos agricultores que habitam rincões menos favorecidos. O pinhão-manso, que tem até site, é descrito na página como "árvore com até 4 metros de altura, flores pequenas, amarelo-esverdeadas, cujo fruto é uma cápsula com três sementes escuras, lisas, dentro das quais se encontra a amêndoa branca, tenra e rica em óleo".
Só para refrescar a memória: a usina experimental de Curvelo, em Minas, nasceu nos desafiadores anos 70, época em que o País mal produzia 10% do petróleo que consumia. A idéia era fazer da usina em escala experimental um empurrão na tecnologia do álcool da mandioca. O que se pretendia era ter uma solução para a pequena lavoura tirar o pé da lama, plantando uma matéria-prima que se transformaria em combustível renovável para alimentar os motores de carros.
Naquela ocasião, quando se visualizou o álcool da mandioca, o Brasil raspava os tachos das minguadas reservas monetárias da ocasião para trazer petróleo de fora e dar de comer aos carros e caminhões. Gastávamos, pois, o que tínhamos e o que não tínhamos para não deixar a pé o brasileiro e a indústria automobilística.
O álcool deu certo, fracassou, depois ressuscitou a partir da proposta da tecnologia do motor flex. Mas, não à custa da mandioca, e sim da cana-de-açúcar. Seria a vitória da tecnologia dos feudos, representada pelos barões da cana e o fracasso de um produto, no caso a mandioca, plantado pela camada sem poder da população?
Petrobras pode ser um agente para materializar o equilíbrio das forças produtivas
Dois fatos parecem incontestáveis: nunca se vendeu tanto álcool combustível como agora. E nunca mais se falou da coitada da mandioca.
O biodiesel, cuja adição ao diesel mineral é obrigatória na proporção de 2%, poderá seguir o mesmo rumo. Ou seja, culturas mais tradicionais e menos exóticas deverão dominar o biodiesel.
De boas intenções, o inferno e a política estão bem servidos. A realidade, por vezes, é crua. Nem sempre boas e nobres causas saem vencedoras, atropeladas que são por interesses maiores.
Vejo, agora, que a Petrobras acaba de criar uma diretoria específica para defender os interesses dos biocombustíveis. O que se pretende com a iniciativa, imagino, é estabelecer um canal de voz próprio para lutar pelos interesses do negócio de combustíveis vegetais.
Como empresa pública de energia, a Petrobras poderá com essa atitude estar criando um canal de voz para os interesses dos pequenos agricultores. A estatal, como se sabe, tem o domínio da cadeia do petróleo (produz, extrai e distribui) e não lhe será difícil ter o controle da cadeia do combustível vegetal.
Com isso - tratando os combustíveis vegetais também como questão de redistribuição de riquezas - a Petrobras tem a faca e o queijo nas mãos para materializar uma política de governo capaz de equilibrar forças produtivas, melhorar o meio ambiente e a vida dos brasileiros menos favorecidos.
Confesso que sou cético quando se fala em políticas públicas para favorecer os pequenos, mas torço para que o biodiesel - tratado como política de governo, assim como está se cuidando da revitalização da construção naval - seja uma fonte de inclusão social e não de exclusão.
O diesel mineral, combustível derivado de petróleo mais consumido no País, se complementado por uma dose de biodiesel trazido do pinhão-manso poderá ajudar os pequenos agricultores e, em conseqüência, fazer com que o Brasil materialize uma política de aceleração da distribuição de renda. Afinal, está se falando de um combustível vital e estratégico que, além de caminhões, ônibus e geradores, move locomotivas e navios.
ARIVERSON FELTRIN - Editor de Infra-estrutura da Gazeta Mercantil
ONU vê programa de biodiesel como exemplo
QUINTA, 21 FEVEREIRO 2008 . CORREIO DO POVO - RS
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Os biocombustíveis brasileiros, em especial o biodiesel, são exemplo de política ambiental com viabilidade econômica e impacto social positivo, na opinião de autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU). Ontem, primeiro dia do Fórum de Ministros de Meio Ambiente, em Mônaco, o Brasil foi elogiado pelo subsecretário-geral do órgão e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), Achim Steiner. Ele disse ver o modelo de exploração do biodiesel como exemplo de inclusão social. 'A estratégia brasileira vai muito além da questão climática', ressaltou. 'O custo de responder ao aquecimento global pode ser convertido em matrizes de desenvolvimento que geram emprego e renda.' Para Steiner, o enfrentamento das mudanças climáticas não deve ser visto como inconveniente para governos e empresários, mas como oportunidade de negócios.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, responsável pela delegação brasileira, ficou satisfeito com as menções. 'Steiner reconhece que os biocombustíveis representam ganho ambiental, econômico e social', avaliou, prevendo avanços. 'Ainda temos 200 milhões de km2 em pastagens subutilizadas', lembrou.
Neste ano, a reunião promovida pelo Unep, com ministros, cientistas, empresários e ONGs, discute como financiar políticas que resultem em novo modelo de desenvolvimento mundial: a 'economia verde'
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Os biocombustíveis brasileiros, em especial o biodiesel, são exemplo de política ambiental com viabilidade econômica e impacto social positivo, na opinião de autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU). Ontem, primeiro dia do Fórum de Ministros de Meio Ambiente, em Mônaco, o Brasil foi elogiado pelo subsecretário-geral do órgão e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), Achim Steiner. Ele disse ver o modelo de exploração do biodiesel como exemplo de inclusão social. 'A estratégia brasileira vai muito além da questão climática', ressaltou. 'O custo de responder ao aquecimento global pode ser convertido em matrizes de desenvolvimento que geram emprego e renda.' Para Steiner, o enfrentamento das mudanças climáticas não deve ser visto como inconveniente para governos e empresários, mas como oportunidade de negócios.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, responsável pela delegação brasileira, ficou satisfeito com as menções. 'Steiner reconhece que os biocombustíveis representam ganho ambiental, econômico e social', avaliou, prevendo avanços. 'Ainda temos 200 milhões de km2 em pastagens subutilizadas', lembrou.
Neste ano, a reunião promovida pelo Unep, com ministros, cientistas, empresários e ONGs, discute como financiar políticas que resultem em novo modelo de desenvolvimento mundial: a 'economia verde'
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Aprender a cuidar melhor do planeta começa antes das aulas
Por Redação Akatu
Mesmo quem não convive com crianças em idade escolar sabe bem como é a loucura da volta às aulas. Anúncios nos principais meios de comunicação e papelarias lotadas sinalizam que é hora de encher a mochila da garotada. Até os mais jovens estudantes, recebem listas extensas de material e a compra acaba pesando no bolso do consumidor.
No entanto, a conta bancária pode não ser a única afetada pelas demandas escolares. Produzir anualmente pastas, cadernos, tintas, canetas, lápis etc. para todos os estudantes do país representa uma demanda de muita matéria-prima, além de consumir bastante água, energia e combustíveis nos processos de fabricação e distribuição de cada item. Por isso, quem se preocupa em promover a sustentabilidade deve procurar saber quais impactos os produtos adquiridos podem causar. E mais do que isso, agir para reduzir esses impactos.
O gasto de água na fabricação dos mais diversos produtos industrializados serve de exemplo para entender o impacto ambiental das compras em geral. Para fazer uma simples folha de papel de tamanho A4 são consumidos cerca de 10 litros de água, segundo dados do relatório “Países Ricos, Pobre Água”, da ONG WWF (World Wildlife Foundation). Assim, uma classe formada por 30 alunos, cuja lista de material pede que cada estudante compre 100 folhas desse tipo de papel a cada ano, consumiria cerca de 3.000 folhas – e portanto 30.000 litros de água, volume equivalente ao de 3 caminhões pipa. Isso em apenas uma única classe!
Se levarmos em consideração que no Brasil já são mais de 7 milhões de alunos matriculados somente no ensino médio[1], a água consumida para fabricar 100 folhas de papel sulfite A4 para cada um desses alunos seria suficiente para encher quase 2.700 piscinas olímpicas, água suficiente para abastecer de água toda a população da China, durante 3 dias. E essa conta representa o gasto de água na fabricação de apenas um único material escolar, o papel, e para apenas um único segmento de ensino, o ensino médio. Se cada aluno passasse a usar a frente e o verso do papel, evitando gastar assim 50 folhas ao ano, seria possível economizar o equivalente ao volume de mais de 1.340 piscinas olímpicas cheias de água, água suficiente para abastecer de água toda a população da Índia, durante 2 dias.
Segundo dados da Ong internacional Water Footprint (http://www.waterfootprint.org), que reúne acadêmicos de diversos países, como Holanda, Reino Unido e Israel, para cada dólar gasto na produção industrial mundial, em média, são consumidos 80 litros de água. Nos Estados Unidos, em particular, o gasto médio de água sobe para 100 litros. Portanto, na hora de comprar qualquer material não esqueça de verificar a sua durabilidade e os impactos de sua fabricação sobre a sociedade e a natureza. Desta forma, ao comprar materiais mais duráveis, você provocará menor demanda de matérias primas, energia e água. De outro lado, ao buscar conhecer os impactos da fabricação de cada produto, você fará com que as empresas passem a se preocupar em minimizar os impactos negativos e maximizar os positivos, seja sobre a sociedade, seja sobre o meio ambiente.
Passo a passo – A maratona começa ao receber a lista da escola. A primeira coisa a fazer é analisá-la com o estudante e decidir quais itens realmente é preciso comprar. “Se não é necessário, não precisa comprar”, enfatiza Marcos Pó, assessor técnico do IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor), de São Paulo. Nem sempre é preciso adquirir uma nova mochila, pastas, estojos e até mesmo lápis de cor e canetas. Muitos desses materiais, comprados nos anos anteriores, podem ser reutilizados. Já os livros, por exemplo, se forem tratados com carinho durante o ano, podem ser repassados para os irmãos mais novos, outras crianças ou contribuir para formar uma biblioteca comunitária.
“Passando por essa primeira etapa básica de só comprar o que é necessário, o consumidor deve procurar adquirir produtos de empresas que tenham preocupação com seu impacto e um trabalho na área de responsabilidade social e ambiental, como os lápis feitos de madeira certificada”, sugere Pó. Apesar de pouco conhecidos, já existem, à venda no mercado, produtos que incorporam a preocupação com a redução do impacto ambiental.
Papelarias da cidade de São Paulo consultadas pela Redação Akatu, em geral, oferecem etiquetas, papel sulfite, cadernos, agendas e post it produzidos com material reciclado; além dos lápis, como o ecolápis da Faber Castell, associado benemérito do Akatu, fabricados com madeira de reflorestamento certificada pelo FSC (selo do Forest Stewardship Council). Esses lápis estão disponíveis nas versões grafite e lápis de cor.
Um pouco mais difícil, porém possível, é garimpar na internet canetas e réguas fabricadas com caixas longa vida, ou canetas feitas de embalagens de PET recicladas. Produtos escolares que utilizam material reciclado em sua confecção são, quase sempre, opções mais sustentáveis por que diminuem o custo ambiental de sua fabricação ao reutilizar material que de outra forma viraria lixo. Além disso, eles também evitam que mais matéria-prima tenha que ser retirada diretamente da natureza. E quanto ao desempenho, tendem a ser iguais aos demais.
No caso específico do papel reciclado, a Redação do Akatu ainda não tem evidências suficientes que indiquem, com segurança, o menor custo ambiental de sua produção quando comparado ao do papel branco, fabricado totalmente a partir de madeira. Isso porque tanto o papel branco como o reciclado utilizam em sua fabricação um grande percentual de sobras de papel e ambos requerem a utilização de grande quantidade de produtos químicos. No caso do reciclado, apenas 25% da matéria-prima é composta de papéis usados. De resto, é idêntico ao papel branco não reciclado. De outro lado, ainda que usando apenas 25% de papel usado, este volume gera emprego para os associados das cooperativas de “catadores”, o que naturalmente é positivo, mas teria que ser comparado ao emprego gerado na cadeia produtiva da madeira, em relação ao qual a Redação do Akatu não dispõe de informações. .
Por outro lado, para algumas das opções mais sustentáveis de produtos escolares, o preço pode ser maior. Como afirma Helio Mattar, Diretor Presidente do Akatu, “a comparação de preços tem que considerar o custo hoje e o custo no futuro. Muitas vezes, se paga menos hoje, mas se terá que pagar mais no futuro com a saúde do consumidor ou com os custos de reparação ambiental”. Assim, cabe aos pais usar com sabedoria o seu dinheiro, considerando os custos hoje e no futuro, buscando contribuir com a sustentabilidade do meio ambiente e com a justiça social.
Uma recomendação adicional é a de negociar com a escola para receber a lista de materiais escolares antecipadamente e fazer as compras antes da corrida às papelarias. Isto ajuda a ter mais tempo para pesquisar e escolher, alem de contribuir para uma conta final mais baixa. Para realmente evitar pagar mais caro, é preciso tempo, paciência e disposição para percorrer os pontos de venda da sua região. “Os pais devem fazer muita pesquisa, pois a variação de preços é muito grande”, garante o Prof. José Augusto de Mattos Lourenço, presidente da FENEP (Federação Nacional de Escolas Particulares) e do SIEEESP (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo).
Vale ainda a consulta ao levantamento comparativo de preços, realizado anualmente pelo Procon, para os principais itens pedidos pelas escolas. Essas informações são importantes para que o consumidor possa identificar a média de preços dos produtos básicos e, assim, consiga avaliar o que está caro ou barato. O levantamento do Procon do Distrito Federal, por exemplo, identificou variações de mais de 1.000 %, na análise comparativa de preços dos 26 principais itens da lista fornecida pelas escolas na cidade.
Uma outra alternativa para diminuir os gastos no início das aulas é fazer compras coletivas para todos os alunos de uma classe, já que alguns estabelecimentos concedem bons descontos para grandes quantidades. Ou então, consultar a escola para saber se é possível diluir as compras ao longo do ano, ou seja, ir adquirindo os itens do material escolar na medida em que o aluno vai tendo necessidade deles.
Diálogo aberto - Além das dicas acima, é interessante aproveitar as compras escolares do início do ano para ensinar as crianças a fazer escolhas com critérios mais amplos do que apenas preço e qualidade, e mais objetivos do que a paixão e a afinidade pelos personagens famosos da TV e do cinema, buscando também englobar os impactos da fabricação dos produtos sobre a sociedade e sobre o meio ambiente . Há que considerar o fato de que as mercadorias contendo personagens cativantes da TV e cinema, como é o caso das agendas escolares para 2008, por exemplo, podem chegar a custar até 3 vezes mais caro do que os produtos similares “genéricos”, que não contém qualquer personagem famoso, mas que são igualmente funcionais quando se pensa no uso que terão no dia-a-dia.
É também possível, no caso de cadernos, por exemplo, comprar produtos de muito boa qualidade, sem os personagens de TV e cinema – mais baratos, portanto - e sugerir às crianças que encapem ou decorem esses materiais com um toque pessoal. Recortar e colar imagens que agradem aos pequenos, customizando as capas de cadernos ou colar adesivos nos estojos, fichários e até apontadores, pode ser uma atividade divertida e que traz uma certa economia, além de aproximar os pais das atividades dos filhos, criando um momento agradável compartilhado. E, aos adolescentes, a sugestão pode ser convidar os amigos e organizar uma “sessão artística” de decoração dos materiais.
Outra opção é sugerir que a quantia de dinheiro economizado com a escolha de produtos escolares “genéricos”, ou dos materiais reutilizados dos anos anteriores, seja depositada numa conta de poupança da criança, a ser usada no futuro para atingir um objetivo maior – como uma viagem ou um passeio com os amigos. “Só não se pode passar a idéia para a criança de que, por que a gente economizou na compra do material, agora vamos gastar. Isso não é economia”, diz Pó, assessor do Idec.
O importante para que a hora da compra de material escolar não se transforme em uma verdadeira guerra entre pais e filhos, é envolver a garotada, incluindo os muitas vezes difíceis adolescentes no processo de escolha. Explicar os impactos negativos e os positivos de cada opção, de maneira que o estudante entenda o porquê de cada escolha, facilita negociar. E ouvir o que o jovem tem a dizer é a garantia de que o diálogo está sendo estabelecido. Dessa forma, os pais podem ajudá-los a desenvolver uma relação mais saudável com o ato de consumo, desde a infância.
Para saber mais
Cartilha do Procon sobre compra de material escolar:
http://www.procon.sp.gov.br/pdf/OrientaCompraMaterialUniformeEscolar.pdf
Orientações do Idec:
http://www.idec.org.br/rev_idec_texto_online.asp?pagina=1&ordem=1&id=75
(Envolverde/Instituto Akatu)
Agricultores devem ser recompensados por seqüestro de carbono
Por Lennart Bagé (IFAD), traduzido por Fernanda Muller e editado por Sabrina Domingos, do CarbonoBrasil
Apesar de a atividade agrícola estar sendo colocada como um possível vilão do aquecimento global - principalmente no Brasil, onde as grandes plantações avançam por terras da Floresta Amazônica – há quem defenda o setor como um meio de proteger o planeta das mudanças climáticas.
O presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (IFAD, sigla em inglês), Lennart Bagé, propõe que o conceito de mercado de carbono seja ampliado e que se forneça compensações a agricultores de países em desenvolvimento que contribuem com a conservação do solo e desmatamento evitado.
“Três quartos das pessoas que vivem em extrema pobreza - ou seja, um bilhão habitantes, que sobrevivem com menos de um dólar por dia – residem em áreas rurais e dependem da agricultura e atividades relacionadas. Um crescimento agrícola mais rápido será portanto um fator elementar no caminho para a redução da pobreza”, defende o presidente.
Evidências históricas apóiam este fato. Na China, por exemplo, o crescimento agrícola comprovadamente é 3,5 vezes mais efetivo na redução da pobreza do que o urbano. Na América Latina, o índice é de 2,7 vezes. O Relatório Mundial de Desenvolvimento de 2008 mostra que o crescimento do PIB gerado pela agricultura é quatro vezes mais eficiente no beneficiamento dos mais pobres do que a expansão nos outros setores.
Mesmo assim, a ajuda à agricultura tem caído acentuadamente nos últimos 25 anos. Em 1979, o setor contava com de 18% dos recursos da “Assistência Oficial ao Desenvolvimento”; valor que foi reduzido para 3,5% em 2004.
Os investimentos domésticos na agricultura seguem a mesma tendência. E Bagé acredita que essa situação precisa ser revertida, pois defende que existem sinais positivos de novas atenções e prioridades para a agricultura. “O fato de que o Relatório Mundial de Desenvolvimento deste ano ser devotado à agricultura, pela primeira vez em 25 anos, reflete este novo interesse”, avalia.
“Ainda que intensifiquemos nossos esforços, as mudanças climáticas apresentam tanto riscos quanto oportunidades. Já estamos vendo os seus efeitos sobre a agricultura dos países em desenvolvimento”, afirma citando as falhas nos cultivos e mortes do gado causam grandes perdas econômicas e minam a segurança alimentar com uma freqüência cada vez maior, especialmente em partes da África Sub-Saariana. Com isso, a produção das plantações pode cair em 50% até 2020 em alguns países.
Os preços de commodities agrícolas estão subindo, parcialmente devido à mudança nos padrões climáticos. E isso trará conseqüências para a população rural. Para alguns, significará novas oportunidades, particularmente para os produtores rurais pobres que possuem acesso aos mercados. Mas, para a maioria das famílias que são consumidoras de commodities alimentícias, o aumento dos preços irá causar sérios problemas.
Nesse cenário entram os biocombustíveis, tidos como uma resposta importante para as mudanças climáticas. Apesar de serem uma alternativa aos combustíveis fósseis, aceleram a competição por terra agricultável e contribuem para o aumento do preço dos alimentos.
Ao mesmo tempo, as culturas de biocombustíveis de segunda geração como o Sorghum (gramínea) e a Jatropha curcas (Pinhão Manso), que crescem em terras marginais, podem se tornar novas fontes de renda para agricultores pobres, avalia Bagé. “Os esforços internacionais devem se focar em evitar os riscos para a segurança energética, ao mesmo tempo em que expandem as oportunidades associadas com os biocombustíveis”, afirma.
Para o presidente, as mudanças climáticas tornam a agricultura ainda mais crucial. São mais de três bilhões de pessoas vivendo em áreas rurais no mundo, a maioria com menos de dois dólares por dia. Ao mesmo tempo em que estão profundamente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, contribuem para as emissões de gases do efeito estufa: o Banco Mundial estima que a agricultura e o desmatamento nos países em desenvolvimento sejam responsáveis por cerca de 22% das emissões.
Bagé entende, no entanto, que, apesar de a adaptação aos novos padrões do clima ser elementar para os agricultores pobres, eles também podem assumir um papel importante na mitigação das mudanças climáticas por meio do manejo sustentável da terra, de florestas e outros recursos naturais.
Ele sugere o aflorestamento;o reflorestamento; a adoção de melhores práticas no cultivo da terra (como a conservação e o agroflorestamento, reabilitação de cultivos degradados e pastagens) e melhora nas práticas de manejo do gado como ações que tendem a contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono.
Para isto acontecer, ressalta, é necessário um aumento substancial no apoio para as pesquisas sobre o desenvolvimento de cultivos resistentes a secas e salinidade. Também é preciso investimentos para assegurar que os pequenos agricultores tenham acesso a estas tecnologias e que isto se traduza em uma produção maior e mais resistente ao clima.
“Acredito, entretanto, que precisamos ir além. Estou convencido que os produtores rurais pobres devem ser reconhecidos e recompensados pelo fornecimento de serviços ambientais ao praticar um manejo do uso do solo e florestal ambientalmente condizentes que beneficia a todos nós”, enfatiza.
Bagé afirma que apoio para a conservação do solo, incentivo para práticas de produção sustentáveis e o pagamento pelo carbono seqüestrado e pelo desmatamento evitado são parte da solução. “Esquemas para negociação de carbono precisam envolver a compensação para o seqüestro de carbono rural”, ressalta.
As mudanças climáticas irão afetar a toso, mas impõe riscos particulares ao desenvolvimento e a redução da pobreza, assim como para o alcance das Metas de Desenvolvimento do Milênio. Bagé acredita que os esforços serão mais efetivos se reconhecerem as pessoas pobres do meio rural como guardiãs da base dos recursos naturais e assegurarem a eles o acesso à tecnologia e aos financiamentos necessários para dar conta das mudanças climáticas. Assim tornam-se parte da solução.
“Ao ouvir às vozes dos agricultores no momento do planejamento do processo de adaptação e mitigação, podemos reduzir os riscos das mudanças climáticas, ao passo que aceleramos o progresso em direção à um mundo sem pobreza”, conclui.
(CarbonoBrasil / IFAD)
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Fungos e bactérias têm um papel central na dinâmica biológica dos manguezais.
A peça que faltava
Por Fábio de Castro, da Agência Fapesp
Fungos e bactérias têm um papel central na dinâmica biológica dos manguezais. Apesar disso, pouco se conhece sobre os microrganismos desses ecossistemas que cobrem uma área de 13.400 quilômetros quadrados ao longo da costa brasileira.
Para preencher essa lacuna científica, um projeto conduzido no âmbito do Programa Biota-FAPESP realiza estudos filogenéticos e de atividades funcionais visando a um levantamento completo da biodiversidade de microrganismos nos manguezais paulistas. O Projeto Manguezais, em um ano e meio de atividade, isolou cerca de 1,2 mil fungos, 450 bactérias, 34 actinobactérias e 37 cianobactérias dos manguezais paulistas.
De acordo com o coordenador do projeto, Itamar Soares de Melo, da Embrapa Meio Ambiente, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os primeiros resultados serão publicados em revistas internacionais nos próximos meses. O projeto também já gerou duas teses de doutorado que serão defendidas em fevereiro na Universidade de São Paulo.
Um dos principais objetivos da pesquisa, além de mapear a quantidade e diversidade de bactérias, fungos, leveduras e cianobactérias, é compreender suas atividades funcionais. “Embora sejam ricos em matéria orgânica, os manguezais são quase desprovidos de nitrogênio e fósforo, micronutrientes essenciais para as plantas. Temos quase certeza de que são os microrganismos que se encarregam de fixar esses micronutrientes nas plantas, permitindo que elas subsistam”, disse Soares de Melo à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador, a compreensão das atividades funcionais dos microrganismos terá aplicações práticas, como o uso de bactérias de manguezais no controle biológico de doenças de plantas e a extração de metabólitos úteis para a indústria farmacêutica.
“Estamos estudando a diversidade química desses microrganismos com o objetivo específico de extrair metabólitos como antibióticos, anticancerígenos, antifúngicos e herbicidas”, explicou.
Outro objetivo do projeto, segundo Soares de Melo, é a estruturação de um banco de germoplasma dos organismos estudados. “Queremos viabilizar uma base de recursos genéticos microbianos para realizar estudos sobre fisiologia de crescimento e preservação de microrganismos”, explicou.
Inovações biotecnológicas
Os resultados do projeto até agora incluem a descoberta de bactérias que produzem biossurfactantes que ajudam na biodegradação do petróleo. Outro avanço importante foi a descoberta de actinobactérias do gênero Streptomyces, que produzem metabólitos antifúngicos, indicando potencial de utilização no controle biológico em sistemas hidropônicos.
“Os cultivos hidropônicos, de alta importância econômica, sofrem com fungos fitopatogênicos aquáticos. Buscamos bactérias adaptadas que se mantenham ativas por longos períodos em soluções nutritivas que podem viabilizar a prática do biocontrole e reduzir o uso de fungicidas químicos”, disse Soares de Melo.
A maior parte das pesquisas, segundo o pesquisador, está sendo feita nos manguezais de Bertioga e Cananéia. “Temos vários estudos voltados para a busca de bioprodutos e inovações biotecnológicas. Mas o fundamental do projeto é mesmo estudar a biodiversidade desses microrganismos, tão pouco conhecida”, contou.
O próximo relatório do projeto deverá ficar pronto em abril. “Vamos fazer a identificação química dos compósitos bioativos que encontramos, além de colocar alguns desses organismos em condições de campo para o estudo de estratégias de controle biológico de doenças em cultivos hidropônicos”, disse.
O relatório também incluirá análises genéticas de vários dos microrganismos encontrados que ainda não foram identificados. Segundo Soares de Melo, a maioria das bactérias presentes em amostras ambientais não pode ser detectada por meio de microscopia convencional, porque elas ficam aderidas a partículas de solo e sedimento.
“Usamos o seqüenciamento genético, análise molecular, análise cromatográfica e ressonância magnética nuclear para identificar a estrutura de compostos e técnicas de biologia molecular para análise da diversidade genética”, disse.
Mais informações: www.cnpma.embrapa.br.
(Agência Fapesp)
Por Fábio de Castro, da Agência Fapesp
Fungos e bactérias têm um papel central na dinâmica biológica dos manguezais. Apesar disso, pouco se conhece sobre os microrganismos desses ecossistemas que cobrem uma área de 13.400 quilômetros quadrados ao longo da costa brasileira.
Para preencher essa lacuna científica, um projeto conduzido no âmbito do Programa Biota-FAPESP realiza estudos filogenéticos e de atividades funcionais visando a um levantamento completo da biodiversidade de microrganismos nos manguezais paulistas. O Projeto Manguezais, em um ano e meio de atividade, isolou cerca de 1,2 mil fungos, 450 bactérias, 34 actinobactérias e 37 cianobactérias dos manguezais paulistas.
De acordo com o coordenador do projeto, Itamar Soares de Melo, da Embrapa Meio Ambiente, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os primeiros resultados serão publicados em revistas internacionais nos próximos meses. O projeto também já gerou duas teses de doutorado que serão defendidas em fevereiro na Universidade de São Paulo.
Um dos principais objetivos da pesquisa, além de mapear a quantidade e diversidade de bactérias, fungos, leveduras e cianobactérias, é compreender suas atividades funcionais. “Embora sejam ricos em matéria orgânica, os manguezais são quase desprovidos de nitrogênio e fósforo, micronutrientes essenciais para as plantas. Temos quase certeza de que são os microrganismos que se encarregam de fixar esses micronutrientes nas plantas, permitindo que elas subsistam”, disse Soares de Melo à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador, a compreensão das atividades funcionais dos microrganismos terá aplicações práticas, como o uso de bactérias de manguezais no controle biológico de doenças de plantas e a extração de metabólitos úteis para a indústria farmacêutica.
“Estamos estudando a diversidade química desses microrganismos com o objetivo específico de extrair metabólitos como antibióticos, anticancerígenos, antifúngicos e herbicidas”, explicou.
Outro objetivo do projeto, segundo Soares de Melo, é a estruturação de um banco de germoplasma dos organismos estudados. “Queremos viabilizar uma base de recursos genéticos microbianos para realizar estudos sobre fisiologia de crescimento e preservação de microrganismos”, explicou.
Inovações biotecnológicas
Os resultados do projeto até agora incluem a descoberta de bactérias que produzem biossurfactantes que ajudam na biodegradação do petróleo. Outro avanço importante foi a descoberta de actinobactérias do gênero Streptomyces, que produzem metabólitos antifúngicos, indicando potencial de utilização no controle biológico em sistemas hidropônicos.
“Os cultivos hidropônicos, de alta importância econômica, sofrem com fungos fitopatogênicos aquáticos. Buscamos bactérias adaptadas que se mantenham ativas por longos períodos em soluções nutritivas que podem viabilizar a prática do biocontrole e reduzir o uso de fungicidas químicos”, disse Soares de Melo.
A maior parte das pesquisas, segundo o pesquisador, está sendo feita nos manguezais de Bertioga e Cananéia. “Temos vários estudos voltados para a busca de bioprodutos e inovações biotecnológicas. Mas o fundamental do projeto é mesmo estudar a biodiversidade desses microrganismos, tão pouco conhecida”, contou.
O próximo relatório do projeto deverá ficar pronto em abril. “Vamos fazer a identificação química dos compósitos bioativos que encontramos, além de colocar alguns desses organismos em condições de campo para o estudo de estratégias de controle biológico de doenças em cultivos hidropônicos”, disse.
O relatório também incluirá análises genéticas de vários dos microrganismos encontrados que ainda não foram identificados. Segundo Soares de Melo, a maioria das bactérias presentes em amostras ambientais não pode ser detectada por meio de microscopia convencional, porque elas ficam aderidas a partículas de solo e sedimento.
“Usamos o seqüenciamento genético, análise molecular, análise cromatográfica e ressonância magnética nuclear para identificar a estrutura de compostos e técnicas de biologia molecular para análise da diversidade genética”, disse.
Mais informações: www.cnpma.embrapa.br.
(Agência Fapesp)
O negócio dos biocombustíveis
Por Stephen Leahy, da IPS
Os biocombustíveis passaram de salvadores do meio ambiente a apenas outra forma de se ficar rico. Países e regiões sem reservas de petróleo agora consideram suas propriedades, sua turfa e suas florestas como possíveis campos de óleo, pouco profundos, mas bastante rentáveis. Entretanto, renovável não significa sustentável. Na maioria dos casos, o único verde dos biocombustíveis são as cédulas de dinheiro que geram. Não é surpresa, pelo seu elevado preço, que o investimento em combustível de origem vegetal chegou a US$ 21 bilhões em 2007, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Por sua vez, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou o investimento de US$ 3 bilhões em projetos privados para produzir biocombustível, em especial no Brasil. No entanto, o Banco Mundial informou que destinou US$ 10 bilhões no ano passado. Enquanto isso, a ajuda ao desenvolvimento para os cultivos de alimentos caiu para US$ 3,4 bilhões em 2004. A participação do Banco Mundial foi menor em US$ 1bilhão, segundo o Informe de Desenvolvimento sobre Agricultura divulgado pelo Banco em outubro passado. A maior parte do dinheiro foi destinada ao subsídio do uso de fertilizantes químicos.
“Não é apenas o Banco Mundial. Agências de desenvolvimento regionais, organizações progressistas da Europa e de muitos outros países investem em biocombustíveis”, disse Anuradha Mittal, do Instituto Oakland, organização não-governamental dedicada a questões sociais e ambientais. “Fiquei assombrada de ver quanta terra se tirou dos pobres na Índia para produzir agrocombustível”, disse à IPS, após uma visita ao seu país. Muitos ativistas preferem o termo agrocombustível em lugar de biocombustível, porque dá ênfase no uso de cultivos agrícolas.
Os agrocombustíveis são “soluções falsas” para o grave problema da mudança climática, e em muitos casos agravam diretamente a situação, acrescentou Mittal. A pioraram porque as nações industriais realmente acreditam que reduzem suas emissões de gases causadores do efeito estufa, mas, na realidade, não conseguem lidar com um consumo de energia, e outros recursos, fora de controle. A maioria dos cientistas atribui a esses gases, como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, o aquecimento do planeta.
Os investidores em biocombustíveis não fazem apenas dinheiro, também podem obter créditos de carbono no contexto do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido pelo Protocolo de Kyoto. O esquema permite aos países ricos superar seus limites de emissões se financiarem projetos de redução em nações do Sul por meio de um sistema de créditos. A iniciativa também permite o financiamento de projetos de energia solar e eólica. Mas com os biocombustíveis ficou difícil determinar a quantidade exata de dióxido de carbono reduzido em relação ao combustível de origem fóssil em comparação às emissões liberadas pelo cultivo, transporte e pela produção.
Apenas uns poucos projetos pequenos que produzem biodiesel a partir de óleo vegetal usado recebem financiamento pelo MDL, disse Almuth Ernsting, da ONG britânica Biofuelwatch. Mas uma grande quantidade de outras iniciativas em grande escala no Brasil e um projeto para produzir etanol no México talvez sejam aprovados este ano. “A indústria afirma que precisa de financiamento do MDL”, disse Ernsting à IPS. “Se esse esquema financia esses tipos de grandes projetos, então os mercados de carbono possivelmente financiem outros”. Se isso ocorrer, como é provável, outra onda de financiamento de projetos para produção de biocombustíveis inundará o mundo quando ainda existe um considerável debate científico sobre os benefícios ambientais dos agrocombustíveis, ressaltou.
As últimas pesquisas mostram que os fertilizantes e o cultivo do solo liberam entre 30% e 40% das emissões de dióxido de carbono. Sabe-se desde 2005 que o biodiesel da Europa, produzido a partir do óleo de palma da Indonésia, causou desmatamento, drenou a turfa e liberou grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. Agora é difícil reverter o ocorrido. A União Européia expressou sua preocupação pela situação, mas manteve o objetivo de 10% do combustível utilizado pelo transporte seja de origem vegetal, disse Ernsting. “Se levarmos a sério a luta contra a mudança climática, será preciso uma moratória sobre os agrocombustíveis para permitir uma avaliação adequada”, garantiu.
Os riscos e os benefícios dos biocombustíveis devem ser analisados, concordou George Weyerhaesuer, executivo da Weyerhaesuer Company, uma das maiores empresas de produtos florestais. “Necessitamos resolver isso e rapidamente enviar recomendações à ONU”, afirmou Weyerhaesuer, que trabalha com o Conselho Mundial de Empresas a Favor do Dsenvolvimento Sustentável, com sede em Genebra, que reúne 200 empresas.
(Envolverde/ IPS)
Os biocombustíveis passaram de salvadores do meio ambiente a apenas outra forma de se ficar rico. Países e regiões sem reservas de petróleo agora consideram suas propriedades, sua turfa e suas florestas como possíveis campos de óleo, pouco profundos, mas bastante rentáveis. Entretanto, renovável não significa sustentável. Na maioria dos casos, o único verde dos biocombustíveis são as cédulas de dinheiro que geram. Não é surpresa, pelo seu elevado preço, que o investimento em combustível de origem vegetal chegou a US$ 21 bilhões em 2007, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Por sua vez, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou o investimento de US$ 3 bilhões em projetos privados para produzir biocombustível, em especial no Brasil. No entanto, o Banco Mundial informou que destinou US$ 10 bilhões no ano passado. Enquanto isso, a ajuda ao desenvolvimento para os cultivos de alimentos caiu para US$ 3,4 bilhões em 2004. A participação do Banco Mundial foi menor em US$ 1bilhão, segundo o Informe de Desenvolvimento sobre Agricultura divulgado pelo Banco em outubro passado. A maior parte do dinheiro foi destinada ao subsídio do uso de fertilizantes químicos.
“Não é apenas o Banco Mundial. Agências de desenvolvimento regionais, organizações progressistas da Europa e de muitos outros países investem em biocombustíveis”, disse Anuradha Mittal, do Instituto Oakland, organização não-governamental dedicada a questões sociais e ambientais. “Fiquei assombrada de ver quanta terra se tirou dos pobres na Índia para produzir agrocombustível”, disse à IPS, após uma visita ao seu país. Muitos ativistas preferem o termo agrocombustível em lugar de biocombustível, porque dá ênfase no uso de cultivos agrícolas.
Os agrocombustíveis são “soluções falsas” para o grave problema da mudança climática, e em muitos casos agravam diretamente a situação, acrescentou Mittal. A pioraram porque as nações industriais realmente acreditam que reduzem suas emissões de gases causadores do efeito estufa, mas, na realidade, não conseguem lidar com um consumo de energia, e outros recursos, fora de controle. A maioria dos cientistas atribui a esses gases, como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, o aquecimento do planeta.
Os investidores em biocombustíveis não fazem apenas dinheiro, também podem obter créditos de carbono no contexto do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido pelo Protocolo de Kyoto. O esquema permite aos países ricos superar seus limites de emissões se financiarem projetos de redução em nações do Sul por meio de um sistema de créditos. A iniciativa também permite o financiamento de projetos de energia solar e eólica. Mas com os biocombustíveis ficou difícil determinar a quantidade exata de dióxido de carbono reduzido em relação ao combustível de origem fóssil em comparação às emissões liberadas pelo cultivo, transporte e pela produção.
Apenas uns poucos projetos pequenos que produzem biodiesel a partir de óleo vegetal usado recebem financiamento pelo MDL, disse Almuth Ernsting, da ONG britânica Biofuelwatch. Mas uma grande quantidade de outras iniciativas em grande escala no Brasil e um projeto para produzir etanol no México talvez sejam aprovados este ano. “A indústria afirma que precisa de financiamento do MDL”, disse Ernsting à IPS. “Se esse esquema financia esses tipos de grandes projetos, então os mercados de carbono possivelmente financiem outros”. Se isso ocorrer, como é provável, outra onda de financiamento de projetos para produção de biocombustíveis inundará o mundo quando ainda existe um considerável debate científico sobre os benefícios ambientais dos agrocombustíveis, ressaltou.
As últimas pesquisas mostram que os fertilizantes e o cultivo do solo liberam entre 30% e 40% das emissões de dióxido de carbono. Sabe-se desde 2005 que o biodiesel da Europa, produzido a partir do óleo de palma da Indonésia, causou desmatamento, drenou a turfa e liberou grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. Agora é difícil reverter o ocorrido. A União Européia expressou sua preocupação pela situação, mas manteve o objetivo de 10% do combustível utilizado pelo transporte seja de origem vegetal, disse Ernsting. “Se levarmos a sério a luta contra a mudança climática, será preciso uma moratória sobre os agrocombustíveis para permitir uma avaliação adequada”, garantiu.
Os riscos e os benefícios dos biocombustíveis devem ser analisados, concordou George Weyerhaesuer, executivo da Weyerhaesuer Company, uma das maiores empresas de produtos florestais. “Necessitamos resolver isso e rapidamente enviar recomendações à ONU”, afirmou Weyerhaesuer, que trabalha com o Conselho Mundial de Empresas a Favor do Dsenvolvimento Sustentável, com sede em Genebra, que reúne 200 empresas.
(Envolverde/ IPS)
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