quarta-feira, 19 de março de 2008

Energia de gás natural e de biomassa de cana complementarão hidreletricidade, diz EPE

Por Paulo Montoia, da Agência Brasil

O planejamento energético do governo prevê uma ampliação rápida e significativa da oferta de gás natural neste ano e, para o ano que vem, a da energia termelétrica de biomassa de bagaço e de palha da cana-de-açúcar, segundo explicou em palestra hoje (17), em São Paulo, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

Segundo Tolmasquim, o governo pretende ampliar a oferta de gás natural de 24,7 milhões de metros cúbicos por dia neste ano para até 70,8 milhões de metros cúbicos diários em 2012. “Neste ano, no Sudeste, vamos aumentar a oferta de gás de 16 milhões de metros cúbicos/dia para 40 milhões de metros cúbicos/dia até o final do ano. Sem contar que vai ter ainda o gás natural liquefeito, que vai começar em 100 milhões de metros cúbicos/dia. A demanda cresceu mais que a oferta em cerca de 16%, e estamos investindo para fazer um balanço entre oferta e demanda.”

Tolmasquim informou que, entre as fontes de energia renováveis disponíveis, o governo pretende aproveitar o potencial da biomassa de cana. “No Brasil, o momento é de aposta na bioletricidade. Existe um potencial enorme em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. É uma energia que é muito competitiva com a hidreletricidade, não polui e não onera o consumidor.”

Ele explicou que dois terços da energia de uma cana-de-açúcar estão concentradas no bagaço e na folhagem (palha).

Para viabilizar a oferta de energia termelétrica de cana-de-açúcar ao Sistema Integrado Nacional, o governo publicou em 17 de janeiro o Decreto 6.353, que regulamenta a chamada energia de reserva. O primeiro leilão desse tipo de energia está marcado para 30 de abril.

Tolmasquim considerou uma confusão de entendimento entre a produção real e a potencial a afirmação do coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens, e André Sartori,que na semana passada disse à Agência Brasil que no Brasil não é mais necessário construir represas hidrelétricas porque a demanda está em torno de 50 mil megawatts e a potência instalada, em 90 mil megawatts.

"Hoje no Brasil nós temos cerca de 100 mil megawatts de capacidade instalada, se considerarmos a parte paraguaia de Itaipu. Mas esses 100 mil não estão gerando energia o tempo todo, porque as hidrelétricas não têm água para gerar energia o tempo todo. A produção atual está em torno de 50 mil, 55 mil megawatts”, afirmou.

Segundo o quarto relatório de fevereiro, de acompanhamento do cenário energético da organização Acende Brasil, do Programa Energia Transparente – Monitoramento Permanente dos Cenários de Oferta e do Risco de Racionamento, comentado por Tolmasquim em São Paulo, a demanda de eletricidade estava em 53.2 mil megawatt médio contra uma oferta firme de 51.9 mil megawatt médio.


(Agência Brasil)

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