segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
O EREEAmb – Encontro Regional dos Estudantes de Engenharia Ambiental,
Release
O EREEAmb – Encontro Regional dos Estudantes de Engenharia Ambiental, surgiu da eminente necessidade da difusão de idéias entre os estudantes da região Norte/Nordeste, assim surgindo de uma iniciativa do Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental – CAEAmb – UFAL, também incentivada pela ENEEA – Executiva Nacional dos estudantes de Engenharia Ambiental, logo este encontro inédito será sediado na cidade de Maceió – AL, conhecido como paraíso das águas no período de 11 à 17 de Janeiro de 2009, tendo como tema “O Avanço Tecnológico aplicado ao desenvolvimento sustentável”, contendo a mesma estrutura programática do ENEEAmb e com muitas novidades!
Tema
O Avanço tecnológico aplicado ao desenvolvimento sustentável
Porque do Tema?
No então século XXI, a grande preocupação do mundo é como deve se encaminhar as políticas de sustentabilidade e medidas para diminuir os impactos ao meio ambiente, logo são feitas muitas pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias para preservação do meio, seja o tipo de papel utilizado em sua casa, o carro que você vai ao trabalho até os impactos gerado pelos diversos tipos de indústria.
Por isso se faz a necessidade, dos futuros engenheiros ambientais, terem um contato com essas tecnologias e meios para obtenção das mesmas, como profissionais mais capacitados para atuarem nesta área.
SITE: http://www.ereeamb.com.br
Como Fazer Minha Inscrição
http://www.ereeamb.com.br/?pag=inscricoes
quarta-feira, 26 de março de 2008
Competitividade responsável interessa a todos nós
Por Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental
Como o nome sugere, trata-se de um tipo de competitividade que privilegia o desenvolvimento sustentável, partindo da premissa de que, cada vez mais, os mercados globais recompensarão os modelos de negócio com melhores resultados sociais, ambientais e econômicos. Segundo a AccountAbility, organização inglesa que cunhou a expressão, nações que estimulem práticas comerciais baseadas nesse novo conceito, por meio de políticas públicas, normas sociais e ações de cidadania, certamente obterão sucesso econômico mais consistente.
Competitividade lembra mercado. E mercado remete á noção de lucro. Logo, competitividade responsável é idéia que deriva de uma nova compreensão, por parte dos mercados de que o padrão atual do lucro impaciente, aquele que remunera o investidor no curto prazo, com alta geração de passivo para pessoas (desigualdades, migrações desenfreadas, desrespeito a direitos humanos e corrupção) e meio ambiente (esgotamento de recursos naturais já escassos) chegou a um tal nível de irresponsabilidade que ameaça inviabilizar o que dá sustentação às sociedades. Sem sociedades sustentáveis, os mercados se tornam ilegítimos e enfraquecem.
Para os idealizadores da competitividade responsável, os atuais dilemas sociais como a pobreza, e ambientais, como as mudanças climáticas, representam, mais do que um risco, uma fonte de oportunidades para criação de valor econômico. Sintetizam um novo campo de possibilidades para os negócios que nascerá da capacidade empresarial de inovar em produtos e processos aliada à firmeza de governos na tarefa de criar regulamentações adequadas e encorajar novas formas de colaboração intersetorial.
As projeções são alentadoras. Estima-se que, em 2050, os mercados para tecnologias de baixa emissão de carbono movimentarão U$ 500 bilhões. Garantir, por exemplo, que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de trabalho vai gerar U$ 40 bilhões para os países da Ásia e do Pacífico. E adotar práticas de governança e transparência poderá recuperar o prejuízo dos 10% do PIB engolidos todos os anos pela corrupção.
Para definir o nível de competitividade responsável de um país, a AccountAbility criou um índice, a partir de 21 indicadores, divididos em três categorias. Na que se denomina Impulsionadores de Políticas, destacam-se sete medidas relacionadas a políticas públicas que incentivam práticas empresariais responsáveis (tratados ambientais e de direitos trabalhistas, ambiente fiscal, políticas de emprego, empregos para mulheres, regulamentação ambiental e emissão de carbono). A categoria Ação Empresarial compreende sete medidas que se referem a sistemas de gestão focados em governança, preocupações sociais e ambientais (conselhos corporativos, códigos de ética nas empresas, isonomia salarial, padrões de auditoria e contabilidade, treinamento de pessoas, certificações ISO e acidentes de trabalho). Já a de Habilitadores Sociais aborda sete medidas relativas ao ambiente social e político no qual as empresas, governos e organizações da sociedade civil estabelecem cooperação efetiva para a mudança dos mercados (corrupção, engajamento de consumidores, liberdade de imprensa, número de ONGs, liberdades civis e impacto da qualidade do ar e da água para os negócios).
Em pesquisa realizada pela consultoria inglesa, em 2007, com 108 países, o Brasil aparece em na posição de número 56, com (ICR) Índice de Competitividade Responsável de 55. Está literalmente no meio da tabela. Se a amostragem fosse uma classe que tem como melhores alunos a Suécia (ICR de 81.5%), Dinamarca (81), Finlândia (78.7), Islândia (76,7) e Reino Unido (75,8), o Brasil seria um aluno apenas mediano e esforçado. Segundo o estudo que divide os países em quatro clusters (Inovadores, Assertivos, Cumpridores e Iniciantes), figuramos entre os Cumpridores, junto com Índia, México e outras 29 nações que têm avançado na direção de padrões trabalhistas, ambientais e de qualidade internacionais, mas que ainda enfrentam desafios importantes na construção de políticas públicas estimuladoras, na implantação de modelos de gestão socioambientalmente responsáveis e no maior engajamento da sociedade civil.
Aqui, como na maioria dos outros países cumpridores, os governos ainda não se deram conta da importância estratégica da competitividade responsável, muitas corporações seguem apegadas a modelos de negócios perdulários e a sociedade civil não se apercebeu de que esse conceito pode gerar oportunidades de valor não só para empresas mas também pra consumidores e comunidades. Há, portanto, muito trabalho por se fazer.
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* Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável.
(Envolverde/Idéia Socioambiental)
Como o nome sugere, trata-se de um tipo de competitividade que privilegia o desenvolvimento sustentável, partindo da premissa de que, cada vez mais, os mercados globais recompensarão os modelos de negócio com melhores resultados sociais, ambientais e econômicos. Segundo a AccountAbility, organização inglesa que cunhou a expressão, nações que estimulem práticas comerciais baseadas nesse novo conceito, por meio de políticas públicas, normas sociais e ações de cidadania, certamente obterão sucesso econômico mais consistente.
Competitividade lembra mercado. E mercado remete á noção de lucro. Logo, competitividade responsável é idéia que deriva de uma nova compreensão, por parte dos mercados de que o padrão atual do lucro impaciente, aquele que remunera o investidor no curto prazo, com alta geração de passivo para pessoas (desigualdades, migrações desenfreadas, desrespeito a direitos humanos e corrupção) e meio ambiente (esgotamento de recursos naturais já escassos) chegou a um tal nível de irresponsabilidade que ameaça inviabilizar o que dá sustentação às sociedades. Sem sociedades sustentáveis, os mercados se tornam ilegítimos e enfraquecem.
Para os idealizadores da competitividade responsável, os atuais dilemas sociais como a pobreza, e ambientais, como as mudanças climáticas, representam, mais do que um risco, uma fonte de oportunidades para criação de valor econômico. Sintetizam um novo campo de possibilidades para os negócios que nascerá da capacidade empresarial de inovar em produtos e processos aliada à firmeza de governos na tarefa de criar regulamentações adequadas e encorajar novas formas de colaboração intersetorial.
As projeções são alentadoras. Estima-se que, em 2050, os mercados para tecnologias de baixa emissão de carbono movimentarão U$ 500 bilhões. Garantir, por exemplo, que as mulheres tenham as mesmas oportunidades de trabalho vai gerar U$ 40 bilhões para os países da Ásia e do Pacífico. E adotar práticas de governança e transparência poderá recuperar o prejuízo dos 10% do PIB engolidos todos os anos pela corrupção.
Para definir o nível de competitividade responsável de um país, a AccountAbility criou um índice, a partir de 21 indicadores, divididos em três categorias. Na que se denomina Impulsionadores de Políticas, destacam-se sete medidas relacionadas a políticas públicas que incentivam práticas empresariais responsáveis (tratados ambientais e de direitos trabalhistas, ambiente fiscal, políticas de emprego, empregos para mulheres, regulamentação ambiental e emissão de carbono). A categoria Ação Empresarial compreende sete medidas que se referem a sistemas de gestão focados em governança, preocupações sociais e ambientais (conselhos corporativos, códigos de ética nas empresas, isonomia salarial, padrões de auditoria e contabilidade, treinamento de pessoas, certificações ISO e acidentes de trabalho). Já a de Habilitadores Sociais aborda sete medidas relativas ao ambiente social e político no qual as empresas, governos e organizações da sociedade civil estabelecem cooperação efetiva para a mudança dos mercados (corrupção, engajamento de consumidores, liberdade de imprensa, número de ONGs, liberdades civis e impacto da qualidade do ar e da água para os negócios).
Em pesquisa realizada pela consultoria inglesa, em 2007, com 108 países, o Brasil aparece em na posição de número 56, com (ICR) Índice de Competitividade Responsável de 55. Está literalmente no meio da tabela. Se a amostragem fosse uma classe que tem como melhores alunos a Suécia (ICR de 81.5%), Dinamarca (81), Finlândia (78.7), Islândia (76,7) e Reino Unido (75,8), o Brasil seria um aluno apenas mediano e esforçado. Segundo o estudo que divide os países em quatro clusters (Inovadores, Assertivos, Cumpridores e Iniciantes), figuramos entre os Cumpridores, junto com Índia, México e outras 29 nações que têm avançado na direção de padrões trabalhistas, ambientais e de qualidade internacionais, mas que ainda enfrentam desafios importantes na construção de políticas públicas estimuladoras, na implantação de modelos de gestão socioambientalmente responsáveis e no maior engajamento da sociedade civil.
Aqui, como na maioria dos outros países cumpridores, os governos ainda não se deram conta da importância estratégica da competitividade responsável, muitas corporações seguem apegadas a modelos de negócios perdulários e a sociedade civil não se apercebeu de que esse conceito pode gerar oportunidades de valor não só para empresas mas também pra consumidores e comunidades. Há, portanto, muito trabalho por se fazer.
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* Ricardo Voltolini é publisher da revista Idéia Socioambiental e diretor da consultoria Idéia Sustentável.
(Envolverde/Idéia Socioambiental)
terça-feira, 25 de março de 2008
Atlas mapeia as alterações climáticas no planeta e mostra como enfrentá-las
As primeiras conseqüências das alterações climáticas já podem ser notadas. No Alasca, por exemplo, os moradores já vêem algumas de suas casas derretendo devido a um aquecimento de 4º C. No mundo já se discute como frear estas mudanças para que elas não cheguem a níveis ameaçadores para a vida no planeta.
"O Atlas da Mudança Climática", da Publifolha, apresenta os pontos cruciais que ajudam a entender as causas dessa nova realidade e os possíveis impactos na vida de todos. A publicação é uma fonte valiosa de informação para interessados em questões ambientais, professores, estudantes e responsáveis por políticas públicas e privadas.
O livro trata das conseqüências das mudanças climáticas no futuro próximo, da necessidade de redução da emissão de gás carbônico, além das ações necessárias para evitar catástrofes, entre outras questões.
Ricamente ilustrado com mais de 50 mapas e gráficos, o Atlas traz dados completos de 192 países e apresenta um capítulo especial sobre o Brasil com informações completas sobre as alterações em cada região e discute a participação do país na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e no Protocolo de Kyoto.
O volume também discute as ações públicas e individuais que podem ser tomadas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e as alterações climáticas.
Os autores
Kirstin Dow é professora associada do Departamento de Geografia da University of South Carolina e pesquisadora sênior convidada do Stockholm Environment Institute. Seus temas de pesquisa são sempre relacionados ao clima, à vulnerabilidade, às mudanças ambientais e à sociedade. Ela é conselheira nacional da Association of American Geographers, colaboradora da Millennium Ecosystem Assessment e investigadora-chefe da rede RISA (Regional Integrated Science and Assessment) da NOAA, que pesquisa sobre o clima.
Thomas E. Downing é diretor do Stockholm Environment Institute, Oxford Office, e colaborador visitante da Queen Elizabeth House, University of Oxford. Na ReFoundation de Munique é catedrático em vulnerabilidade social no Instituto para o Meio Ambiente e Segurança Humana das Nações Unidas. Seus temas de pesquisa estão ligados ao clima e à sociedade. Ele integra o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, já dirigiu a Força-Tarefa sobre Vulnerabilidade da International Geographical Union e ainda é conselheiro do Programa de Impactos Ambientais do Comitê para o Desenvolvimento Internacional da Câmara dos Comuns no Reino Unido.
"O Atlas da Mudança Climática"
Autores: Kirstin Dow e Thomas E. Downing
Editora: Publifolha
Páginas: 112
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: Nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou no site da Publifolha
(Mercado Ético)
MMA firma acordo com supermercadistas para reduzir emissões
Por Lucia Leão, do MMA
O Ministério do Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) assinam, no dia 26 de março (quarta-feira), Acordo de Cooperação Técnica com vistas a reduzir a emissão de SDOs (Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio) dos aparelhos de refrigeração utilizados pelos supermercados brasileiros. Estima-se que esses equipamentos sejam responsáveis pelo lançamento de quatro mil toneladas/ano de gases CFCs (clorofluorcarbono) e HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), equivalente a cerca de 40% de toda a emissão desses gases no País. Em termos de efeito estufa, essa quantidade equivale a 7 milhões de toneladas de CO2.
O acordo prevê a difusão de informações para a conscientização dos 74 mil supermercadistas do País para os benefícios ambientais e econômicos da substituição, ou, se não for possível, da boa manutenção dos freezers, refrigeradores, balcões frigoríficos, ar-condicionados e outros aparelhos de tecnologia obsoleta, que ainda utilizam SDOs. "É um jogo de ganha-ganha. As boas práticas de manuseio e a boa manutenção desses equipamentos, além do benefício ambiental da redução do uso de CFCs e HCFCs, reduzem o consumo de energia, um benefício econômico para os empresários", constata o diretor do Departamento de Mudanças Climáticas, Ruy de Goes.
O diretor do MMA também destaca que o acordo prepara o setor supermercadista para o cumprimento do Protocolo de Montreal, através do qual 191 países se comprometeram a abandonar, gradativamente, a utilização de SDOs. Em obediência ao Protocolo, desde o ano passado o Brasil já não importa nem produz CFC e, a partir de 2012, restringirá também o uso do HCFC.
O acordo entre MMA, Abras e Abrava não prevê aporte de recursos, mas ação compartilhada para o levantamento e diagnóstico, planejamento estratégico, assessorias técnicas e programas educativos. A iniciativa visa aumentar a eficiência energética dos equipamentos de refrigeração das lojas, por meio da conscientização e incentivo das Boas Práticas de Uso e Manutenção e, paralelamente, obter a redução gradual da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera.
(MMA)
O Ministério do Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) assinam, no dia 26 de março (quarta-feira), Acordo de Cooperação Técnica com vistas a reduzir a emissão de SDOs (Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio) dos aparelhos de refrigeração utilizados pelos supermercados brasileiros. Estima-se que esses equipamentos sejam responsáveis pelo lançamento de quatro mil toneladas/ano de gases CFCs (clorofluorcarbono) e HCFCs (hidroclorofluorcarbonos), equivalente a cerca de 40% de toda a emissão desses gases no País. Em termos de efeito estufa, essa quantidade equivale a 7 milhões de toneladas de CO2.
O acordo prevê a difusão de informações para a conscientização dos 74 mil supermercadistas do País para os benefícios ambientais e econômicos da substituição, ou, se não for possível, da boa manutenção dos freezers, refrigeradores, balcões frigoríficos, ar-condicionados e outros aparelhos de tecnologia obsoleta, que ainda utilizam SDOs. "É um jogo de ganha-ganha. As boas práticas de manuseio e a boa manutenção desses equipamentos, além do benefício ambiental da redução do uso de CFCs e HCFCs, reduzem o consumo de energia, um benefício econômico para os empresários", constata o diretor do Departamento de Mudanças Climáticas, Ruy de Goes.
O diretor do MMA também destaca que o acordo prepara o setor supermercadista para o cumprimento do Protocolo de Montreal, através do qual 191 países se comprometeram a abandonar, gradativamente, a utilização de SDOs. Em obediência ao Protocolo, desde o ano passado o Brasil já não importa nem produz CFC e, a partir de 2012, restringirá também o uso do HCFC.
O acordo entre MMA, Abras e Abrava não prevê aporte de recursos, mas ação compartilhada para o levantamento e diagnóstico, planejamento estratégico, assessorias técnicas e programas educativos. A iniciativa visa aumentar a eficiência energética dos equipamentos de refrigeração das lojas, por meio da conscientização e incentivo das Boas Práticas de Uso e Manutenção e, paralelamente, obter a redução gradual da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera.
(MMA)
Esquenta a crise da água
Por Thalif Deen*
A crise hídrica mundial, agravada pela mudança climática, não se restringe aos países pobres. Mais de cem milhões de europeus sofrem falta de água potável, afirmam especialistas. Quando o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falou em janeiro no Fórum Econômico Mundial de Davos, seu tema não foi a iminente recessão da economia global, mas a crescente escassez de água. “A falta de recursos hídricos pode agravar e iniciar conflitos”, disse Ban aos magnatas dos negócios, acadêmicos e autoridades, que se reúnem uma vez por ano nesse centro turístico suíço. “Na medida em que a economia cresce, se torna mais sedenta”, alertou.
A carência de água potável para mais de um bilhão de pessoas e de saneamento para mais de 2,5 bilhões constitui “uma devastadora crise humanitária”, afirmou Anders Berntell, diretor-executivo do Instituto Internacional da Água, com sede em Estocolmo. “É uma crise de manejo, não da água propriamente dita, porque se deve à ausência crônica de fundos e à incompreensão de que é preciso saneamento e higiene em nível local”, disse Berntell ao Terramérica. “Isto pode ser resolvido com a melhoria do gerenciamento, aumento dos recursos e sustentação dos esforços para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, como erradicar a pobreza extrema e a fome, e adequar a provisão de água e esgoto, afirmou.
Um estudo divulgado pela ONU às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, afirma que a escassez não está confinada às nações pobres, e que também ameaça mais de cem milhões de europeus. Quase 40 meninos e meninas, a maioria da Europa oriental, morrem por dia vitimas de uma doença ligada à água: a diarréia. No leste europeu, quase 16% da população não tem água potável em casa, e nas zonas rurais mais da metade dos habitantes vive sem ela e sem saneamento.
Vamos de mau a pior, “pelo desperdício e fracasso dos governos em comprometer as comunidades locais na administração hídrica”, afirmou Sunita Narain, diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente, com sede em Nova Délhi, e ganhadora, em 2005, do Prêmio Estocolmo da Água. “Não conseguimos, como sociedade, usar pequenas quantidades de água para conseguir grandes resultados de produtividade”, afirmou. E o mundo ainda enfrenta um novo desafio, o da mudança climática, disse Narain ao Terramérica. “E é sobre isto que não estamos fazendo nada, apesar de que se colocará em risco a segurança hídrica de grandes populações que já estão à beira da sobrevivência”, ressaltou.
Berntell alertou que isto acontece “em um mundo que tem os meios financeiros e técnicos para pôr fim a esses dois escândalos. Temos de encontrar a forma de administrar os recursos hídricos, no que se refere à contaminação, e atender a demanda por alimentos de uma população que aumentará em mais de três bilhões de pessoas até 2050”, afirmou. “Também devemos dar resposta ao problema da água e do clima. Tudo pode ser muito mais desesperador e grave se não dermos os passos corretos”, acrescentou.
O especialista considera importante distinguir entre dois fenômenos: a crise dos recursos hídricos – causada pela superexploração agrícola e industrial e pela contaminação – e os problemas de fornecimento de água e saneamento. Em uma declaração publicada no dia 19, a conservacionista União Mundial para a Natureza (UICN) advertiu que muitos rios de países em desenvolvimento e de potências emergentes sofrem uma contaminação próxima do colapso. “O Rio Yangtzé, o mais longo da China, está envenenado por resíduos agrícolas e industriais”, disse a UICN.
O secretário da ONU argumentou que a matança na região de Darfur, no Sudão, está ligada à mudança climática. “Não é casualidade que a violência tenha explodido durante a seca”, afirmou Ban. Quando a terra de Darfur era rica, os agricultores negros davam as boas-vindas aos pastores árabes e compartilhavam a água. Com a seca, os agricultores cercaram suas terras para impedir o excesso de pastoreio. “Pela primeira vez, desde tempos imemoriais, não havia alimento e água suficientes para todos. A luta eclodiu”, descreveu Ban Ki-moon. “A água é um clássico recurso de propriedade comum. Ninguém tem o problema, portanto, ninguém tem a solução”, ressaltou.
Nos últimos anos, a comunidade internacional “tentou entender a natureza da crise e atrair a atenção sobre ela, embora de forma débil e difusa”, disse Narain ao Terramérica. “Ainda não se entende como a falta de água afeta as comunidades e, portanto, as Nações Unidas se dedicam a buscar rápidas soluções técnicas para o que é, em primeiro lugar, uma questão de gerenciamento”, acrescentou. Berntell vê de outra forma: “Sem dúvida a água, e, sobretudo o saneamento, estão muito abaixo na agenda internacional”.
No entanto, o fato de a ONU declarar 2008 como Ano Internacional do Saneamento catalisou a ação e a atenção em questões sanitárias e de higiene, que são críticas, acrescentou. Contudo, as Nações Unidas “devem melhorar sua coordenação em matéria de controle e informação. Não se pode continuar publicando tantos informes simultâneos sobre temas superpostos”, criticou Berntell.
LINKS EXTERNOS
+ Instituto Internacional da Agua, em inglês
http://www.siwi.org/
+ Centro para a Ciência e o Ambiente, em inglês
http://www.cseindia.org/
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* O autor e correspondente da IPS. Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
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(Envolverde/Terramérica)
A crise hídrica mundial, agravada pela mudança climática, não se restringe aos países pobres. Mais de cem milhões de europeus sofrem falta de água potável, afirmam especialistas. Quando o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, falou em janeiro no Fórum Econômico Mundial de Davos, seu tema não foi a iminente recessão da economia global, mas a crescente escassez de água. “A falta de recursos hídricos pode agravar e iniciar conflitos”, disse Ban aos magnatas dos negócios, acadêmicos e autoridades, que se reúnem uma vez por ano nesse centro turístico suíço. “Na medida em que a economia cresce, se torna mais sedenta”, alertou.
A carência de água potável para mais de um bilhão de pessoas e de saneamento para mais de 2,5 bilhões constitui “uma devastadora crise humanitária”, afirmou Anders Berntell, diretor-executivo do Instituto Internacional da Água, com sede em Estocolmo. “É uma crise de manejo, não da água propriamente dita, porque se deve à ausência crônica de fundos e à incompreensão de que é preciso saneamento e higiene em nível local”, disse Berntell ao Terramérica. “Isto pode ser resolvido com a melhoria do gerenciamento, aumento dos recursos e sustentação dos esforços para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, como erradicar a pobreza extrema e a fome, e adequar a provisão de água e esgoto, afirmou.
Um estudo divulgado pela ONU às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, afirma que a escassez não está confinada às nações pobres, e que também ameaça mais de cem milhões de europeus. Quase 40 meninos e meninas, a maioria da Europa oriental, morrem por dia vitimas de uma doença ligada à água: a diarréia. No leste europeu, quase 16% da população não tem água potável em casa, e nas zonas rurais mais da metade dos habitantes vive sem ela e sem saneamento.
Vamos de mau a pior, “pelo desperdício e fracasso dos governos em comprometer as comunidades locais na administração hídrica”, afirmou Sunita Narain, diretora do Centro para a Ciência e o Meio Ambiente, com sede em Nova Délhi, e ganhadora, em 2005, do Prêmio Estocolmo da Água. “Não conseguimos, como sociedade, usar pequenas quantidades de água para conseguir grandes resultados de produtividade”, afirmou. E o mundo ainda enfrenta um novo desafio, o da mudança climática, disse Narain ao Terramérica. “E é sobre isto que não estamos fazendo nada, apesar de que se colocará em risco a segurança hídrica de grandes populações que já estão à beira da sobrevivência”, ressaltou.
Berntell alertou que isto acontece “em um mundo que tem os meios financeiros e técnicos para pôr fim a esses dois escândalos. Temos de encontrar a forma de administrar os recursos hídricos, no que se refere à contaminação, e atender a demanda por alimentos de uma população que aumentará em mais de três bilhões de pessoas até 2050”, afirmou. “Também devemos dar resposta ao problema da água e do clima. Tudo pode ser muito mais desesperador e grave se não dermos os passos corretos”, acrescentou.
O especialista considera importante distinguir entre dois fenômenos: a crise dos recursos hídricos – causada pela superexploração agrícola e industrial e pela contaminação – e os problemas de fornecimento de água e saneamento. Em uma declaração publicada no dia 19, a conservacionista União Mundial para a Natureza (UICN) advertiu que muitos rios de países em desenvolvimento e de potências emergentes sofrem uma contaminação próxima do colapso. “O Rio Yangtzé, o mais longo da China, está envenenado por resíduos agrícolas e industriais”, disse a UICN.
O secretário da ONU argumentou que a matança na região de Darfur, no Sudão, está ligada à mudança climática. “Não é casualidade que a violência tenha explodido durante a seca”, afirmou Ban. Quando a terra de Darfur era rica, os agricultores negros davam as boas-vindas aos pastores árabes e compartilhavam a água. Com a seca, os agricultores cercaram suas terras para impedir o excesso de pastoreio. “Pela primeira vez, desde tempos imemoriais, não havia alimento e água suficientes para todos. A luta eclodiu”, descreveu Ban Ki-moon. “A água é um clássico recurso de propriedade comum. Ninguém tem o problema, portanto, ninguém tem a solução”, ressaltou.
Nos últimos anos, a comunidade internacional “tentou entender a natureza da crise e atrair a atenção sobre ela, embora de forma débil e difusa”, disse Narain ao Terramérica. “Ainda não se entende como a falta de água afeta as comunidades e, portanto, as Nações Unidas se dedicam a buscar rápidas soluções técnicas para o que é, em primeiro lugar, uma questão de gerenciamento”, acrescentou. Berntell vê de outra forma: “Sem dúvida a água, e, sobretudo o saneamento, estão muito abaixo na agenda internacional”.
No entanto, o fato de a ONU declarar 2008 como Ano Internacional do Saneamento catalisou a ação e a atenção em questões sanitárias e de higiene, que são críticas, acrescentou. Contudo, as Nações Unidas “devem melhorar sua coordenação em matéria de controle e informação. Não se pode continuar publicando tantos informes simultâneos sobre temas superpostos”, criticou Berntell.
LINKS EXTERNOS
+ Instituto Internacional da Agua, em inglês
http://www.siwi.org/
+ Centro para a Ciência e o Ambiente, em inglês
http://www.cseindia.org/
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* O autor e correspondente da IPS. Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
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(Envolverde/Terramérica)
Estudo aponta contaminação em 70% das águas superficiais do Brasil
Por Luana Lourenço, da Agência Brasil
A poluição tornou 70% das águas de rios, lagos e lagoas do Brasil impróprias para o consumo. É o que aponta relatório editado pela organização não-governamental Defensoria da Água, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A pesquisa, que traz dados do período 2004-2008, envolveu 423 pesquisadores, 830 monitores de campo e cerca de 1.500 voluntários, que identificaram 20.760 áreas de contaminação em todo o país.
Em relação à primeira edição do documento, divulgado em 2004, a contaminação das águas superficiais cresceu 280%, dado que torna do Dia Mundia da Água, celebrado dia 22/3, um momento de reflexão sobre a necessidade de medidas urgentes.
“Nesse ritmo, se nada for feito, nos próximos quatro anos 90% das águas estarão impróprias para o contato humano, sendo que atualmente mais de 70% já é imprópria para o consumo”, diz o texto dos pesquisadores.
As principais causas da contaminação são atribuídas principalmente ao agronegócio e à atividade industrial. “Há uma falta generalizada de controle e de fiscalização da geração, da destinação e do tratamento de resíduos, sejam eles urbanos, de saúde ou residenciais”, avalia o secretário-geral da Defensoria da Água, Leonardo Morelli.
De acordo com o relatório da ONG, a mineração, a produção de suco de laranja e de derivados da cana-de-açúcar são “destaques negativos” pelos problemas ambientais provocados pelo descarte inadequado de resíduos industriais e pelas conseqüências sociais ligadas aos empreendimentos, como exploração de mão-de-obra e avanço sobre áreas indígenas.
O documento critica ainda a “euforia” com a produção de biodiesel, o que, segundo a ONG, demonstra “uma tendência para a economia agrícola, com empresas petrolíferas altamente contaminadoras apropriando-se indevidamente do discurso do uso de elementos naturais que na verdade mascaram as tentativas de sobrevida dos combustíveis fósseis”.
O lançamento de esgotos diretamente nos rios e a exposição de resíduos em lixões também são apontadas como causas do crescimento contínuo da poluição das águas, principalmente em áreas urbanas.
“A existência de lixões continua sendo uma realidade irrefutável em mais de 4,7 mil municípios sendo que a deposição de resíduos sem controle ou proteção continua ocorrendo nas margens de cursos de água e proximidades de nascentes”, relata o texto.
Um agravante, segundo a ONG, é que menos de 3% dos lixões enquadram-se na categoria de “aterros controlados”, por exemplo. Além disso, o país conta com cerca de 20 aterros devidamente licenciado e com capacidade para receber lixo hospitalar infectante.
De acordo com o relatório, as 20.760 áreas de contaminação mapeadas pelos pesquisadores afetam diretamente cinco milhões de pessoas, além de outras 15 milhões de vítimas de impactos indiretos.
Apenas 25% do esgoto coletado no país é tratado
Os números do saneamento básico mostram que o Brasil ainda tem muito a avançar na data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) comemora o Dia Mundial da Água. O índice médio de coleta de esgotos no país é de 69,7%, sendo que o tratamento atinge apenas 25%. Os números são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
A ONU elegeu 2008 como o Ano do Saneamento e deve recomendar aos países a formulação de políticas públicas para universalizar o acesso a esse serviço. “No mundo todo, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento e estão expostas diariamente a doenças, como diarréia e cólera”, aponta o representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), José Turbino.
Os números de coleta e tratamento de esgotos no Brasil refletem diferenças regionais históricas do país: no Sudeste, o índice de coleta é de 91,4%, já na região Norte, não chega a 9% das habitações. “Temos uma distribuição desigual do desenvolvimento e, evidentemente, a conseqüência disso é que as políticas públicas muitas vezes também acompanham esse desnível. [A diferença] é decorrência da falta de políticas de saneamento no âmbito nacional em sucessivos governos”, avalia secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Luciano Zica.
Entre as capitais, as diferenças chegam a mais de 90%. Enquanto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre a coleta de esgoto atinge quase toda a população (com índices superiores a 85%), em Porto Velho, apenas 2,2% têm saneamento básico. Os dados fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento no país.
“Um dos principais desafios do Brasil é a coleta e tratamento de esgoto, em especial nas áreas mais urbanizadas. Tivemos um período muito grande de descaso, há um déficit a ser cumprido. Temos que parar de transformar o Brasil, que é o país dos rios, no país dos esgotos”, alerta uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately.
Além de investimentos em programas de saneamento, Whately também aponta a necessidade de políticas específicas para tratamento de resíduos sólidos, avaliação compartilhada pelo representante do MMA. “A questão do ambiente urbano e dos resíduos sólidos foram agregadas ao debate dos recursos hídricos, que até bem pouco tempo eram políticas bem desfocadas. Teremos condições de trabalhar de forma harmônica segmentos que têm impactos diretos na qualidade da água; não há como dissociar a questão do lixo da boa gestão da água”, avalia Zica.
O Ministério das Cidades prevê a aplicação de R$ 40 bilhões até 2010, no chamado PAC do Saneamento, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento. A previsão de investimentos precisa ser cumprida para que o país alcance a meta estabelecida pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
(Agência Brasil)
A poluição tornou 70% das águas de rios, lagos e lagoas do Brasil impróprias para o consumo. É o que aponta relatório editado pela organização não-governamental Defensoria da Água, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A pesquisa, que traz dados do período 2004-2008, envolveu 423 pesquisadores, 830 monitores de campo e cerca de 1.500 voluntários, que identificaram 20.760 áreas de contaminação em todo o país.
Em relação à primeira edição do documento, divulgado em 2004, a contaminação das águas superficiais cresceu 280%, dado que torna do Dia Mundia da Água, celebrado dia 22/3, um momento de reflexão sobre a necessidade de medidas urgentes.
“Nesse ritmo, se nada for feito, nos próximos quatro anos 90% das águas estarão impróprias para o contato humano, sendo que atualmente mais de 70% já é imprópria para o consumo”, diz o texto dos pesquisadores.
As principais causas da contaminação são atribuídas principalmente ao agronegócio e à atividade industrial. “Há uma falta generalizada de controle e de fiscalização da geração, da destinação e do tratamento de resíduos, sejam eles urbanos, de saúde ou residenciais”, avalia o secretário-geral da Defensoria da Água, Leonardo Morelli.
De acordo com o relatório da ONG, a mineração, a produção de suco de laranja e de derivados da cana-de-açúcar são “destaques negativos” pelos problemas ambientais provocados pelo descarte inadequado de resíduos industriais e pelas conseqüências sociais ligadas aos empreendimentos, como exploração de mão-de-obra e avanço sobre áreas indígenas.
O documento critica ainda a “euforia” com a produção de biodiesel, o que, segundo a ONG, demonstra “uma tendência para a economia agrícola, com empresas petrolíferas altamente contaminadoras apropriando-se indevidamente do discurso do uso de elementos naturais que na verdade mascaram as tentativas de sobrevida dos combustíveis fósseis”.
O lançamento de esgotos diretamente nos rios e a exposição de resíduos em lixões também são apontadas como causas do crescimento contínuo da poluição das águas, principalmente em áreas urbanas.
“A existência de lixões continua sendo uma realidade irrefutável em mais de 4,7 mil municípios sendo que a deposição de resíduos sem controle ou proteção continua ocorrendo nas margens de cursos de água e proximidades de nascentes”, relata o texto.
Um agravante, segundo a ONG, é que menos de 3% dos lixões enquadram-se na categoria de “aterros controlados”, por exemplo. Além disso, o país conta com cerca de 20 aterros devidamente licenciado e com capacidade para receber lixo hospitalar infectante.
De acordo com o relatório, as 20.760 áreas de contaminação mapeadas pelos pesquisadores afetam diretamente cinco milhões de pessoas, além de outras 15 milhões de vítimas de impactos indiretos.
Apenas 25% do esgoto coletado no país é tratado
Os números do saneamento básico mostram que o Brasil ainda tem muito a avançar na data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) comemora o Dia Mundial da Água. O índice médio de coleta de esgotos no país é de 69,7%, sendo que o tratamento atinge apenas 25%. Os números são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
A ONU elegeu 2008 como o Ano do Saneamento e deve recomendar aos países a formulação de políticas públicas para universalizar o acesso a esse serviço. “No mundo todo, 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento e estão expostas diariamente a doenças, como diarréia e cólera”, aponta o representante da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), José Turbino.
Os números de coleta e tratamento de esgotos no Brasil refletem diferenças regionais históricas do país: no Sudeste, o índice de coleta é de 91,4%, já na região Norte, não chega a 9% das habitações. “Temos uma distribuição desigual do desenvolvimento e, evidentemente, a conseqüência disso é que as políticas públicas muitas vezes também acompanham esse desnível. [A diferença] é decorrência da falta de políticas de saneamento no âmbito nacional em sucessivos governos”, avalia secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do MMA, Luciano Zica.
Entre as capitais, as diferenças chegam a mais de 90%. Enquanto em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre a coleta de esgoto atinge quase toda a população (com índices superiores a 85%), em Porto Velho, apenas 2,2% têm saneamento básico. Os dados fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento no país.
“Um dos principais desafios do Brasil é a coleta e tratamento de esgoto, em especial nas áreas mais urbanizadas. Tivemos um período muito grande de descaso, há um déficit a ser cumprido. Temos que parar de transformar o Brasil, que é o país dos rios, no país dos esgotos”, alerta uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately.
Além de investimentos em programas de saneamento, Whately também aponta a necessidade de políticas específicas para tratamento de resíduos sólidos, avaliação compartilhada pelo representante do MMA. “A questão do ambiente urbano e dos resíduos sólidos foram agregadas ao debate dos recursos hídricos, que até bem pouco tempo eram políticas bem desfocadas. Teremos condições de trabalhar de forma harmônica segmentos que têm impactos diretos na qualidade da água; não há como dissociar a questão do lixo da boa gestão da água”, avalia Zica.
O Ministério das Cidades prevê a aplicação de R$ 40 bilhões até 2010, no chamado PAC do Saneamento, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento. A previsão de investimentos precisa ser cumprida para que o país alcance a meta estabelecida pela ONU nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
(Agência Brasil)
Desperdício diário de água é suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas
Por Luana Lourenço, da Agência Brasil
Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a 2.500 piscinas olímpicas (em média 2,5 milhões de litros de água). E a culpa neste caso, não é do consumidor. A perda de cerca de seis bilhões de litros – o suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas – acontece entre a retirada dos mananciais e a chegada às torneiras.
Os números fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento básico e do volume de desperdício de águas no país. De acordo uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately, as perdas são causadas por vazamento nas redes de abastecimento, sub-medição nos hidrômetros e fraudes.
“A maioria das capitais – 15 das 27 – perdem mais da metade da água produzida”, de acordo com o relatório. Porto Velho, capital de Rondônia, é a campeã em desperdício, com 78,8% de perda. As cidades de Rio Branco, de Manaus e de Belém também têm índices superiores a 70%. O desperdício nessas capitais seria suficiente para abastecer quase cinco milhões de habitantes.
De acordo com a superintendente de Produção de Água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Tânia Baylão, a redução de desperdício passa por garantia de investimentos nas redes e atendimento rápido de notificações de vazamentos.
“Combater a perda tem que ser uma diretriz básica, temos inclusive uma linha de financiamento prioritária para isso”. O Distrito Federal é a unidade da federação com o menor registro de perda na distribuição, com 27,3%.
Além da perda na distribuição, o relatório também apresenta um mapa do consumo doméstico de água e mostra que a média nacional, de 150 litros per capita, está 40 litros acima do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, o consumo ultrapassa 220 litros por dia.
“Infelizmente, o brasileiro acha que como temos bastante água no Brasil, não é preciso economizar. Pelo contrário, temos regiões em que se você dividir o volume de água pela população, podemos considerá-las como áreas de déficit hídrico, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo”, explicou o chefe das assessorias da Agência Nacional de Águas (ANA), Antônio Félix Domingues.
A representante do ISA Marussia Whately aponta a conta de água conjunta em condomínios residenciais como uma das causas do alto consumo em regiões urbanas. “O usuário acaba não tendo o mesmo cuidado com o aumento do consumo de água assim como tem com a conta de luz”, compara. Ela defende que “pequenas transformações em hábitos diários podem gerar grandes mudança” e acredita que a conscientização é uma das ferramentas para diminuir o desperdício.
(Envolverde/Agência Brasil)
Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a 2.500 piscinas olímpicas (em média 2,5 milhões de litros de água). E a culpa neste caso, não é do consumidor. A perda de cerca de seis bilhões de litros – o suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas – acontece entre a retirada dos mananciais e a chegada às torneiras.
Os números fazem parte de um relatório do Instituto Socioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas de saneamento básico e do volume de desperdício de águas no país. De acordo uma das coordenadoras do ISA Marussia Whately, as perdas são causadas por vazamento nas redes de abastecimento, sub-medição nos hidrômetros e fraudes.
“A maioria das capitais – 15 das 27 – perdem mais da metade da água produzida”, de acordo com o relatório. Porto Velho, capital de Rondônia, é a campeã em desperdício, com 78,8% de perda. As cidades de Rio Branco, de Manaus e de Belém também têm índices superiores a 70%. O desperdício nessas capitais seria suficiente para abastecer quase cinco milhões de habitantes.
De acordo com a superintendente de Produção de Água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Tânia Baylão, a redução de desperdício passa por garantia de investimentos nas redes e atendimento rápido de notificações de vazamentos.
“Combater a perda tem que ser uma diretriz básica, temos inclusive uma linha de financiamento prioritária para isso”. O Distrito Federal é a unidade da federação com o menor registro de perda na distribuição, com 27,3%.
Além da perda na distribuição, o relatório também apresenta um mapa do consumo doméstico de água e mostra que a média nacional, de 150 litros per capita, está 40 litros acima do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória, o consumo ultrapassa 220 litros por dia.
“Infelizmente, o brasileiro acha que como temos bastante água no Brasil, não é preciso economizar. Pelo contrário, temos regiões em que se você dividir o volume de água pela população, podemos considerá-las como áreas de déficit hídrico, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo”, explicou o chefe das assessorias da Agência Nacional de Águas (ANA), Antônio Félix Domingues.
A representante do ISA Marussia Whately aponta a conta de água conjunta em condomínios residenciais como uma das causas do alto consumo em regiões urbanas. “O usuário acaba não tendo o mesmo cuidado com o aumento do consumo de água assim como tem com a conta de luz”, compara. Ela defende que “pequenas transformações em hábitos diários podem gerar grandes mudança” e acredita que a conscientização é uma das ferramentas para diminuir o desperdício.
(Envolverde/Agência Brasil)
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